quinta-feira, 26 de maio de 2011

Pensamentos e escutas






Quando a gente volta da faculdade vem todo mundo conversando e rindo no ônibus. Tem gente que faz declarações sinceras, por exemplo: "estes anos na faculdade foram os melhores". Ou, "tem dia que eu não gosto de pensar, fico igual a um vegetal".

Será mesmo que o vegetal não pensa? Qual é a definição de pensamento? E o girassol? Ele "pensa": "oba, olha o Sol, vou me girar na direção dele".

Sei lá aonde, eu li que o homem é um animal racional. Mais do que isso, é o único animal racional. Certa vez, um professor de física, disse que o homem é um animal, embora a igreja tente convencer-nos do contrário. Era um tipo polêmico e gozador. Eu, na época, fiquei escandalizada, a mentalidade religiosa ainda me dominava. Obrigada, professor, por abrir a minha cabeça. Verdade, sem maldade.

Agora, pense no seu cãozinho de estimação. Ele come o seu jornal algumas vezes, mas uma hora ele aprende que não deve comer mais se não é ralhado. Ele vê o jornal e "pensa" nos seus gritos e desiste da empreitada. Já a minha Mocinha não deixa de comer o jornal porque eu não ralho com ela. Eu deixo ela mais ou menos livre pra fazer o que quiser, mas tem limite, claro. Acho que eu devia mesmo é cancelar a asssinatura do jornal.

Eu não sei qual é a definição de pensamento, mas comparando os animais, especialmente os mamíferos, com o homo sapiens, estes estão para uma calculadora HP como o homem está para um supercomputador. Já o girassol, eu o comparo a um ábaco, aquele instrumento antigo de fazer contas com "contas".

Eu gosto mesmo é de pensar na potência do raciocínio do Criador do Universo, o Grande Arquiteto Do Universo como diriam alguns. Não me parece mais um mistério que Ele conheça o futuro, que seja o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim - na descrição do livro do Apocalipse. Porque Ele conhece a equação diferencial do universo e, além disso, é ele quem dá as condições iniciais, ou as condições de contorno. Estou arriscando no terreno da Matemática Aplicada. Então, nessas condições, considerando que o sistema não é caótico, ainda que alguns estudem a ordem no caos, só pode acontecer de Ele conhecer o fim desde o princípio mesmo.

Tem gente que pensa que eu estudo dia e noite. Não é bem assim. Uma coisa que eu preciso "contar" aqui, é uma declaração: Eu sou um ser iluminado. Não dessa seita dos filósofos iluministas da qual Voltaire fazia parte. Eu sou iluminada pelo Espírito, The Holy Ghost. E não sou a única pessoa dessa seita dos iluminados pelo Espírito. Qualquer que ouvir a voz dEle e abrir a porta também será iluminado. Tudo começa no plano espiritual. Pense na dualidade espírito-matéria. Pense que só existe espírito e matéria. Então, o pensamento, como não é matéria, tem que ter relação com o espírito.

Nós, da seita dos iluminados pelo Espírito, vamos aonde Ele nos guia, lemos o que Ele nos orienta. No mestrado, a gente tem um orientador. O Prof. Jaime Ripoll é o meu orientador. Ele está pra Europa agora, estou me virando por aqui com ajuda da minha co-orientadora, a Prof. Lisandra Sauer. No plano espiritual, o Espírito é o nosso orientador. Por causa da ação dEle não gastamos o dia e a noite toda pesquisando, vamos direto ao que interessa. É brilhante isto. É maravilhoso diriam alguns! E tem seu preço, Ele exige a nossa lealdade.

Bem, deixa eu voltar a pensar na minha dissertação agora. Por que o Prof. Jaime não facilita tanto as coisa pra mim quanto o Espírito.





quarta-feira, 11 de maio de 2011

Esse é pra terminar




Só vou postar mais um texto sobre ética senão vou deixar o leitor saturado de tanta ética. Tinha mais três ainda, porém, como estes falam de ética na ciência - publicação, produção e avaliação científicas - creio que não interessaria a todos. É interessante definir uma sigla antes para ficar mais fácil de entender.

TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

Na moldura da "sociedade do saber" (e da globalização), é possível identificar um certo número de tendências chave (Nowonty, Scott e Gibbons, 2001). A primeira delas é a aceleração - e, estreitamente ligada a esta, a complexidade. A aceleração e a mudança são geralmente percebidos como fenômenos tecnológicos e econômicos (o impacto das TIC e o triunfo do "mercado"); e, além disso como lineares e previsíveis. Mas a aceleração é também um fenômeno científico, intelectual e cultural - e é geralmente literalmente incontrolável. Tudo flutua.

A segunda tendência é a incerteza - ou o risco, pois ao lado da "sociedade do saber" se encontra a outra, isto é, a "sociedade do risco" (Beck, 1992). Essa incerteza comporta dois aspectos. O primeiro é tipicamente descrito em termos negativos, a saber o mau lado do crescimento econômico e das mudanças sociais em termos de poluição ambiental e de rupturas familiares.

Mas o segundo aspecto mais positivo é que o êxito da ciência é geratriz (e sempre o foi) de incerteza; logo que um problema é resolvido, há outros que aparecem. Durante um certo tempo ficava restrita ao interior da esfera intelectual com relativa segurança. Atualmente, ela inundou a sociedade em seu conjunto. Assim a incerteza está intimamente ligada ao potencial, que por sua vez é um elemento chave na produção de inovação.

A terceira tendência é que a Sociedade do saber é um terreno contestado - em dois sentidos diferentes. Em primeiro lugar como eu (o autor)já o afirmei, seu impacto não fica limitado à economia. Seu impacto é tanto social quanto cultural. O cotidiano dos indivíduos é tecido de nomes de marcas que são geralmente elas mesmas "localizadas"; as chances de vida que constituiam outrora os índices brutos para o cálculo econômico da direita "de mercado" e da esquerda "socialista", foram substituídos pelos estilos de vida, leia-se: pelas marcas de vida. É em um sentido muito real que a "sociedade do saber" vai "mais longe que o mercado".

Em segundo lugar, a "sociedade do saber" - e mais particularmente a globalização - são altamente ideológicas. O triunfalismo associado à idéia de "fim de história" (para citar o título - ingênuo - de uma obra de Francis Fukuyama lançado há uma década) está deslocado (Fukuyama, 1992); a idéia que a nação, ou o Estado providência é substituído pelo Estado "mercado" em uma grande mudança histórica (como o sugeriria um outro autor americano Philip Bobbitt) é geratriz de falsas idéias (Bobbitt, 2002).

Mas a globalização não diz respeito somente ao avanço do capitalismo democrático - animado (infelizmente) na maior parte do tempo pelos valores neo-liberais, em lugar daqueles sociais-democráticos - mas também as resistências mundiais à globalização do mercado livre: Greenpeace é um nome de marca tão completamente conhecido quando Coca-Cola. Em uma importante medida, as atitudes com respeito à globalização do mercado livre substituem as tradicionais divisões políticas direita-esquerda nos países desenvolvidos.

Exitem movimentos que se opõem diretamente aos valores "ocidentais" e tão inaceitável quanto seja a Al Qaida, é também um produto da globalização do ponto de vista das técnicas e das tecnologias que ela emprega. A antiga questão sobre o contraste entre modernidade e modernização volta à tona: antes, considerava-se impossível bem modernizar sem tornar ao mesmo tempo "moderno". Uma das consequências da globalização foi reabrir essa questão.

SCOTT, Peter. As dimensões éticas e morais do ensino superior e da ciência na Europa, Conferência Internacional, 2004, Bucareste.



Não sei se alguém notou, parece que a culpa é sempre da ciência ou no máximo da tecnologia que ela gera. Pense sobre isso!