quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Diálogo Transcedental



Olha aí, pra quem interessar, parte da minha conversa com uma psicóloga diferente:
J: Eu vejo vidas passadas desde criancinha. Sou católica, nasci assim. Só não fico cutucando isso. Quando aparece eu falo.
L: Quer dizer memórias passadas?
J: Sim, acho que a pessoa tem memória genética e de alguma forma eu faço essa leitura.
L: Sim, há uma genética psíquica, as memórias das outras encarnações anteriores. Chamam-na de tabula rasa em latim. O corpo psíquico é imortal.
J: É... por aí. O que você faz Lisany?
L:  (Digo para ela o que faço e dou o link do livro "Tábula Rasa" de Steven Pinker para ela visitar).
J: Muito Legal. Eu vou ter que voltar e olhar o que senti sobre esse livro. Já li ele faz bastante tempo. Lisany, parecemos um quebra-cabeça porque estamos nele e não fora afastada para observar. Então é difícil estar inserida, mergulhada e ver bem tudo.
L: Sim, mas já saímos do zero e duas cabeças pensam melhor do que uma. Na matemática chamam isso de tangram, é um quebra-cabeça chinês. Tem a ver com o incêndio da biblioteca chinesa onde todo o conhecimento pré-cristão foi destruído.
J: Adoro tangram hehehe
L: Ah conhece então. O Pinker é difícil de entender. Usa linguajar técnico, fala por parábolas.
J: Vou reler, e divido contigo minhas impressões.
L: É aquela coisa: ao que tem lhe será dado, ao que não tem até o que tem lhe será tirado.
J: Lei da atração?
L: Lei do esforço.
J: O exercício da vontade.
L: É, tem que estar interessado. Ele não joga pérolas aos porcos.
J: Quando os livros do Pinker foram lançados eu queria falar com alguém sobre e ninguém estava a fim.
Olha na escola, me parece, desenvolver o interesse das crianças é o mais desafiador no momento. Acompanho uma professora que é mestre nesse quesito. O ano passado ela conseguiu pegar 32 alunos de terceira série que não sabiam ler, não conheciam direito as letras, eram os demônios da escola. Pegou a turma andando, não pegou no primeiro mês. No fim do ano, 16 estavam alfabetizados e entendendo o que se dava para eles ler, sabiam interpretar. E ela diz assim: meu trabalho inicial é conseguir que eles queiram saber o que eu sei e que queiram fazer o que eu faço. Não dá pra eu atirar o conhecimento sobre eles.
L: Ah sim precisa motivá-los. Em particular creio que o Brasil é um país amaldiçoado.
J: Ela diz, é preciso interessá-los, despertar a curiosidade deles.
L: Tem alguma coisa a ver com a história do Brasil, talvez você saiba melhor do que eu.
J: Nãoooo, não. Não creia nos discursos. Quando você vai a campo e observa uma pessoa que sabe o que está fazendo, nooossssaaa. Eu diria que nunca quiseram que nós Brasileiros fôssemos cultos e autônomos, por isso o conhecimento demorou e ainda demora para quem não é bilingue. O que traz autonomia não é bem visto por aqui. Se você ensina uma criança a pensar, você está trazendo à vida um crítico.
L: Certo, mas isso em si não é uma maldição? Se os deuses permitem isso, se o Deus de Israel permite é porque ele não deseja nos abençoar. A benção e a maldição não podem coexistir.
J: Depende, acho que temos uma corrida de obstáculos, nós abrimos os braços para as graças e tentamos escapar das maldições. 
L: Acha que é por merecimento? Que é fruto da luta? Bem a vida em si é uma luta.
J: Estou atendendo o telefone, já respondo. Era uma emergência de uma cliente. Não, não acredito que seja uma luta. Mas, a cada afirmação parece que somos testados pelo universo, como se ao afirmar, existisse um aparato automático do tipo "auditoria" que vem para balançar essas certezas (afirmações) de trazer à tona suas fragilidades. A abrangência daquilo que eu afirmo se mostra também pela oposição, se revela, me parece mais apropriado.
L: É, isso tudo é novo para mim, está caindo a ficha ainda. (Dou o link do livro "Aliens testam o seu qi" para ela olhar). Não gostaria de me sentir uma cobaia. Um atleta pode ser.
J: Do Pinker: Como a mente funciona e Do que é feito o pensamento // quando ele escreveu esses que eu comecei a me interessar sobre o assunto. Depois deixei pra lá, pois eu estava lendo Foucault e tinha companhia pra discutir. E deixei o Pinker pindurado (sic) na Tábula Rasa. 
L: Cheguei a um ponto em que a cultura cristã, já não dá conta de responder a todos os meus questionamentos. Preciso procurar em outra parte, tenho feito isso, e de pessoas iluminadas também.
J: Pois é, eu não deixei de ser católica, porque o padre que era meu amigo disse pra mim: Filha, eu não tenho resposta para todos os mistérios, eu tenho fé, e estou muito preocupado que você deixe de ter fé porque eu nunca questionei o que você questiona. Muito lindinho, né?