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Ilustríssimo diretor do Instituto de Matemática professor doutor Rudinei Dias da Cunha, iustríssimos professores homenageados professores doutores Vilmar Trevisan e Luís Fernando Carvalho da Rocha, ilustríssimo funcionário homenageado secretário José Leonardo Galicchio Aronna, prezados pais, queridos amigos e demais componentes da mesa.
Nós, agora bacharéis em matemática, quando ainda estudantes, frequentemente ouvíamos perguntas sobre o caráter do nosso estudo:
Qual a aplicação da Álgebra Linear?
Pra que serve a Análise Matemática?
Pois bem, qual é a moral de correr 90 minutos atrás de uma bola? Pra a maioria é exercitar o corpo e aumentar o vigor. Da mesma forma, o bacharelado em matemática serve para exercitar o cérebro e desenvolver a inteligência. Além de cumprir com a sua função básica que é a de nos ensinar os fundamentos desta ciência.
Tais considerações lançam uma vaga luz sobre essa tão mal interpretada área do conhecimento. Minha missão nesta noite é desmistificá-la.
Acompanhe comigo uma aula de Geometria Diferencial. O professor dirige-se ao quadro e escreve: Uma superfície é dita orientável quando existe uma função normal definida em todos os seus pontos. Por exemplo: A esfera é uma superfície orientável. Contra-exemplo: A faixa de Möebius não é orientável. Nesse instante alguém interrompe a aula e divaga: Imagina o Pequeno Príncipe na faixa de Möebius. Fiquei imaginando quantas milhares de pôr-do-sóis ele poderia contemplar caminhando sobre esta superfície. Ao que o professor responde: Deixa de Saint-Exupéry. Te aconselho a ler o escritor argentino Luís Borges.
Jorge Luís Borges era um aficcionado pela lógica e análise matemáticas. Entretanto o pueril piloto de aviões Antoine Jean Baptiste Marie Roger Foscolombe de Saint-Exupéry desde cedo aprendeu o valor do Cálculo Diferencial e Integral segundo ele mesmo conta no Pequeno Príncipe: As pessoas grandes me aconselharam deixar de lado os desenhos de serpentes abertas ou fechadas e dedicar-me de preferência à geografia, à história, ao cálculo, à gramática.
A aula prossegue. O professor volta a escrever no quadro e agora demonstra usando a definição que a faixa de Möebius não é orientável. Outra divagação: E a teoria da contestação de Nietzsche, onde fica?
Não que exista tal teoria de fato. Era só pra testar o professor. A questão levantada em sala de aula era se aquilo que nos fora ensinado é ou não uma verdade absoluta. A propósito: a teoria do eterno retorno de Friederich Nietzsche foi indiscutivelmente contestada por Luís Borges que para tanto fez uso da Teoria Probabilística.
Resumindo: Há na matemática espaço para a dúvida e para o questionamento no que se refere à definições e à postulados, porém não no que se refere à demonstrações. Pois ao contrário da fragilidade dos argumentos e da dissensão típica das humanidades a matemática exibe uma construção sólida e clara, que a todos se impõe com a força de demonstrações incontestáveis e que atravessou incólume as crises de pensamento instauradas pelos novos ventos da Renascença.
A validade das proposições matemáticas parece pairar acima das contingências de espaço e de tempo sugerindo a possibilidade de seguras e perenes verdades imunes à corrosão do ceticismo.
Mais do que isso, segundo Frans Burman, teólogo contemporâneo do matemático e filósofo De Kart, com quem trocou algumas idéias, a matemática acostuma o espírito a reconhecer a verdade porque encontramos nela raciocínios rigorosos que não encontraríamos alhures. Em consequência, uma vez afeito o espírito aos raciocínios matemáticos te-lo-emos também tornado apto à pesquisa de outras verdades posto que em toda parte há uma e somente uma forma de raciocínio.
Um comentário:
Muito bom!!! Adorei! Enfim alguém com um pouco de luz em meio a esse monte de filosofias baratas que nos cercam. :))
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