Tive um colega na matemática que era proveniente da Música. Bom violinista ele; eu o acompanhei a alguns casamentos e concertos. Como havia abandonado o curso pela metade ele continuou fazendo algumas disciplinas no Instituto de Artes. Referiu-se em uma ocasião à cadeira de Orquestra I. Só que como não estava regularmente matriculado eu tive a curiosidade de saber que espécie de participação ele tinha com a aula de Orquestra I. E perguntei a ele bem faceira: Está fazendo como ouvinte?
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Orquestra I
O método socrático
Era uma aula de Álgebra Linear. Meia dúzia de gato pingado, os que sobraram das duas dezenas iniciais.
Tem um conceito em algelin que se chama produto interno. É uma operação definida num espaço vetorial sobre os reais, coisa descomplicada e muito útil. Pois é, essa operaçãozinha aí obedece a três propriedades: bilinearidade (significa que ela é duplamente linear), comutatividade e positividade. Até aqui tudo muito compreensível e claro.
Acontece que o professor tinha a mania de começar um capítulo novo fazendo perguntas sobre o assunto a ser abordado que obviamente ninguém sabia responder porque ninguém estuda a matéria antes de o professor introduzí-la. Pelo menos na maioria dos casos. A essa humilhação alguns chamam de método socrático, isto é, método de perguntas e respostas.
Mais adiante nos foi introduzido um espaço vetorial um pouco mais avançado definido sobre os complexos e no dito cujo definiu-se um novo produto interno que não era bilinear, era um pouco menos que isso. Era sesquilinear.
Em seguida o professor mandou uma pergunta na minha direção:
-O que é sesqui Lisany?
Falei SESC pra mim é ali na Protásio Alves.
Apenas uma questão de linguística.
Máquina movida a café
Tinha um amigo na Ufrgs, mestrando em Física, o Alberto. Era um tipo quieto de óculos de aro preto, meio tímido.
O Alberto tinha um gosto peculiar: gostava de café forte. Mas forte mesmo. Minha curiosidade me obrigou a perguntar a ele o que era um café forte no conceito dele.
Ele conseguiu me surpreender: é quando tu viras a xícara pra baixo e o café não cai.
Outra vez eu estava na sala de aula, no início do período, viajando na maionese, o professor parou na frente do quadro, olhou pra mim e mandou eu me ligar. Expliquei: é que eu estou com sono, não durmi direito esta noite porque blá, blá, blá, e como eu não bebo café preto o jeito é enfrentar a sonolência a custo do aprendizado mais sóbrio.
E ele me veio com uma que me deixou besta. Ele me questionou algo:
- Tu sabe qual é a definição de matemático?
- Não.
- É uma máquina movida a café.
Bem, era a opinião dele. Não sei se todos os matemáticos concordam. Não investiguei.
Manual de Sobrevivência do Professor
Confira as 10 maneiras de se livrar de uma demonstração.
I)Diga que é evidente/óbvio/claro
II)Deixe como exercício
III)Deixe pra próxima aula
IV)Diga que é análogo a um caso anterior e que pode ser obtido via mutatis mutandis
V)Diga que precisa sair um pouco antes pra dar um seminário e aproveite pra fazer um grau
VI)Explique que a sua sogra está doente no hospital e que você ama muito ela, se possível derrame uma lágrima e depois peça pra sair
VII)Diga que é facílimo e que "vocês podem consultar o livro texto"
VIII)Diga que "está além do alcance desta disciplina"
IX)Empurre para o final da aula e quando chegar a hora H olhe no relógio:
"Infelizmente não vai dar tempo pessoal". No início da próxima aula finja que já demonstrou e siga em frente com a matéria
X)Diga a verdade: que é enfadonho e que você deseja evitar a fadiga