terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Gabinete da Reitora




A primeira vez que eu a vi foi em uma formatura. Ela ia a todas incrivelmente e pronunciava um discurso inflamado. Eu tinha certeza que ela ia ingressar na política. Pra mim ela era uma celebridade, uma dessas mulheres de ferro. Eu queria chegar perto dela pra ver se ela parecia tão fantástica de perto como de longe. E demorou. Só consegui realizar este sonho no dia em que ela veio discursar no ILEA, no Campus do Vale.

Peguei duas gestões da Wranna Panizzi na Ufrgs. Eu, às vezes, ficava rodeando a reitora, pra ver se ela passava onde eu estava, mas ela só passava de longe. Cheguei a subir lá no gabinete dela. Dizia: GABINETE DA REITORA. Bem assim, no gênero feminino. Mal tive coragem de espiar lá pra dentro. Era muita ousadia, até falta de educação, ficar bisbilhotando a reitora, eu calculava.

Então chegou o meu grande dia de sorte e eu fui assisti-la e ouvi-la no auditório do ILEA pela primeira vez. ILEA é a sigla do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados. A sala estava lotada. Tinha gente sentada até no carpete.

A reitora discursou por alguns bons trinta minutos sem ser interrompida nem vaiada, e no final abriu um espaço pra perguntas. Choveram pedidos de verba. Inclusive, imaginem que miséria, pra papel de impressora. Foi quase cômico. A Wranna prometeu atender a todos e à fulana do papel de impressora também.

É comum faltar dinheiro pra papel de impressora na Ufrgs. Alguns professores tiram do próprio bolso, outros ficam economizando o máximo que der. E também falta no banheiro tanto papel higiênico quanto papel toalha. É artigo de luxo.

Desta vez eu não podia perder a chance de ver a reitora de perto. Antes que ela saísse do auditório me postei ao lado de fora da porta. Logo ela apareceu e ficou olhando pra ver se eu queria alguma coisa. Eu virei pra o lado desconcertada e tentando disfarçar.

Fiquei bastante realizada por conhecer a reitora de ferro, dois mandatos na Ufrgs quase completos. Só fiquei triste porque não falei com ela. Mas falar oquê? E ela estava com muita pressa. Pensando bem. Podia ter pedido um autógrafo.


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