sábado, 31 de outubro de 2009
A Teia de Aranha IV
O mosquito está passando por cima da teia de aranha no vôo de volta para sua casa.
- E aí mosquito? Como foi lá no Borboleto? Conseguiu arrastar a mosquita para o mosquitel?
- Claro. Ela foi de boa vontade.
- Não conta.
- É que eu não sou mal intencionado viu aranha?
- Eu também não. Vai fazer o que hoje à noite?
- Nada programado.
- Quer beber comigo?
- Depende. Se a cerveja for boa...
- Que tal o bar das formiguinhas?
- Não conheço esse.
- É tão bom que até a rainha-mãe vai lá.
- Combinado então.
- Te encontro às nove.
- Às nove.
Dito isto o mosquito alçou vôo novamente e logo desapareceu na primeira esquina.
Às 9 e cinco se abancava no balcão do bar das formiguinhas. Uma operária veio atendê-lo.
- Vou aguardar um pouco estou esperando uma aranha - avisou ele.
- Ah, a aranha - comentou a operária.
- Já conhece ela?
- Ela sempre traz mosquitos aqui, embebeda-os e depois carrega-os para a sua teia.
O mosquito deu um soco no balcão.
- Trapaceira! Ela me paga.
- Com certeza ela paga a conta toda sr. mosquito.
- Estavam falando em mim?
- Oi aranha. Estava demorando.
A aranha mandou servir uma cerveja para o mosquito e duas pra ela.
- Hoje é por minha conta.
O mosquito bebeu gole por gole sem pressa nenhuma.
- Mais uma pra o mosquito e duas pra mim.
- Olha aranha essa cerveja só pede pra a cerveja que a minha avó fazia lá em Braunschveig.
- Braun o quê?
- Mosquito alemão me diz uma coisa. Tu não é mosquito da malária né?
- Eu da malária? Por que essa agora?
O mosquito pensou: Essa aranha tá ficando bêbada.
- Sei lá. Tu não é igual aos outros mosquitos.
- Que outros mosquitos aranha?
A operária deu uma piscadinha pra o mosquito.
- Ah, ahn, os outros mosquitos. É, eu sou mesmo um mosquito diferente. Mas não sou da malária.
- Nem da dengue?
- Iiii sem viagem tá?
- Uma bier pra o mosquito alemão e duas pra mim - exclamou a aranha levantando o caneco pra o alto.
- Gosta de fofoca?
- Que fofoca? Não gosto, mas conta aí.
- Ontem quando eu passava por cima do galinheiro do Seu Renck ouvi o galo resmungando algumas palavras.
- E daí?
- Cheguei mais perto e ouvi ele reclamar com o peru: Essa mulher que tu me arrumou é muito galinha viu?
- Jura que ele falou isso?
- De asas juntas.
- E o peru? O que respondeu?
- O peru perguntou se ele preferia uma perua, um garnizé ou um pinto.
- Não, não, não. Operária! Mais bier. Uma pra o mosquito e duas pra mim.
- Pra mim chega.
- Já vai parar?
- Viu aquele cartaz ali na parede dizendo Não voe bêbado?
- Não seja por isso. Eu pago o aerotáxi.
- Sem acordo tá aranha? Pra mim chega.
A aranha resignou-se. Continuou bebendo sozinha. Virou-se para a operária:
- Eu não gosto de mosquito que se leva a sério. Mosquito comedor de alface, de chicória, de rúcula.
- Escuta aqui aranha. Tu não se leva a sério mesmo. Então não vai se ofender se eu levantar vôo agora mesmo. Tchauzinho.
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