domingo, 21 de fevereiro de 2010

Shakeaspeare e os reis da música



Só pra evitar os maus entendidos e as dúvidas: a maior parte das conclusões que eu posto aqui são baseadas em diálogos e discussões com colegas da Ufrgs, quer dizer, não são meras viagens da minha mente.

Só pra dar um exemplo. Por que o empresário de Elvis Presley conspirou com o médico dele pra matá-lo? Saiu um artigo há alguns anos na revista Seleções contando tudo que era possível de ser contado. Estimulantes à noite para se manter acordado e ligado nos shows. Soníferos e calmantes de dia para dormir. Na reta final da carreira de brilho do Rei do Rock até sua mulher o abandonou. E a coroação da desgraça toda foi um ataque cardíaco fulminante não obstante a insistência da família para que ele se retirasse dos palcos e se recolhesse a uma estância por uns tempos a fim de recuperar a sua saúde.

A poucos meses, tivemos um replay, um déjà vu, com o Rei do Pop. Pra que tanto espanto e tanto chororô se ele mesmo já contava com este destino? Não prenunciava o próprio que morreria como o sogrão? Seria a primeira pessoa da história a saber algo sobre o dia da sua morte? Kennedy não fez um pronunciamento quando afirmou que se algum dia alguém quisesse matar o presidente dos Estados Unidos bastaria subir em um prédio com um arma de mira telescópica e atirar? (ficou comprida essa frase). O que as pessoas não fazem pra se aparecer por uns breves minutos da história.

Bem, aqui, neste ponto, entram Shakeapeare e seu casting - o glorioso Romeu e a gloriosa Julieta - no palco dos reis da música . Alguém já desejou a merda = boa sorte em francês pra eles. Agora é só puxar a descarga e deu, vai todo mundo pra o Hades assim rapidinho. O que fica claro neste romance ou peça teatral é que o autor conhece o leitor muito bem. Ele sabe que a ninguém emociona o declínio da paixão ainda que dê lugar a um amor sereno e duradouro e não a brigas e separação.

Fecha a cortina agora. Abre a cortina. Entram Michael e Elvis de muletas, pegam um microfone cada um e cantam um dueto rouco, o Elvis virado numa pipa, e o Michael vomitando alvejante. Os fãs não querem ver isso. Se bobear até faz parte do contrato dar adeus no auge da fama.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Encontros da Esef 1972



Fui à formatura de um amigo este findi. Da agronomia. Levei uma muda de manga num vaso, dentro de um cesto de vime, enfeitado com papel vermelho. Ele adorou. Agradeceu muito. Eu dizia a ele e à namorada que quando nascer o primeiro filho deles a árvore vai estar dando manga. Ele achou pouco. Aí remendei: - Então quando o teu primeiro filho estiver se formando na faculdade vai estar dando manga. Muito tempo. Tentei o nascimento do segundo filho. Disseram que seria no do terceiro. Ficou por isso.
Ah, ele também ganhou um bonsai - aquelas arvorezinhas em miniatura - de ipê roxo, e dois livros. O primeiro sobre orquidário - que é no que ele vai trabalhar e o outro, o outro? não me lembro. Era sobre botânica no mínimo.
O Salão de Atos, com o ar desligado - aquele trombolho antigo, gasta muita energia - até que deu pra levar bem. O forte do calor mesmo é nos formandos, com aquelas togas até os pés e com aquelas lâmpadas incandescentes da equipe de filmagem em cima. Segundo a ex-reitora Wranna todo o Salão de Atos está precisando de uma reforma. Diz ela que se os cupins largarem as mãos lá no forro, vem tudo abaixo.
Legal a festa, foi no Taco Pub, na Getúlio Vargas 989. Conheci lá a Lilian, uma tiazona que gosta mais do Elvis Presley que do marido. Ela é a anfitriã de praia da turma. Na Central de Garopaba. E daí o título. A turma de formandos dela, da Esef-1972, se encontra todos os anos até hoje. Não é fantásico? Ela já está até aposentada. E tem gente que vem de outros países. Espírito de grupo assim só na Educação Física mesmo.
Aproveitamos pra agendar um encontro no Carnaval, eu na Ibiraquera em Imbituba e eles na Central de Garopaba, no Rosa e sei lá mais onde. Se der vou fazer um trecho da orla a pé de novo. Não as quatro horas do Porto até o Rosa, pelos costões e pastos. Acho que O Caminho do Rei já é o suficiente. O Caminho do Rei olha, vou te contar, O Caminho do Rei é o Caminho do Rei.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Certinhos Anônimos



Essa velhinha aqui é uma velhinha safadinha. É sobre um complexo que afeta os homens: o complexo de certinho. Tem o caso daquele guri que se achava meio certinho e depois de algum aconselhamento com amigos, começou a dar tapas na bunda da namorada na cama. Tem uma outra história que aconteceu na República que eu morei uns tempos ali no final da Av. Ipiranga entrando à direita. Não é um lugar muito aconselhável para moças do interior, mas... A maior parte de nós éramos universitários por isso chamo de República. Na verdade é uma Pousada. Tá, até aí OK. Conheci muitos personagens lendários por lá, que eventualmente farei alguma menção mais adiante. Por ora me concentrarei num em especial. Não era universitário o hominem.

Era um trabalhador, do interior, casado, um filho, que vinha periodicamente a Porto Alegre a trabalho. E nós tinhamos algo em comum: o gosto pela alimentação natural. A gente até dividia algum pãozinho integral com mel, tinha um tal de abacate derruba mulher (era só o nome, tá), o cara era uma boa pessoa pra se relacionar, quero dizer, uma pessoa legal, amiga, respeitosa. Acho que aí residia o problema do pai de família trabalhador.

Aconteceu um dia de aparecer a família do sujeito na pousada. Ficaram uns dois dias. Uma esposa amável, bem vestida, não deixava a desejar quanto à aparência e um filho que era um mimo, passou de colo em colo sem levantar um dedo, lindo o guri. E eu fiquei só pensando: não entendo, uma família dessas e o cara aqui em Porto Alegre sozinho, se aventurando, enfrentando as feras urbanas de espada em punho, sabe-se lá onde. Uma tarde cheguei pra ele e mandei ele tomar jeito, é, entrar na linha. A reação dele: - Não, mas eu tô justo querendo sair da linha... Bah, viajei feio. O cara era um membro do Certinhos Anônimos e eu não tinha me ligado.