quinta-feira, 4 de março de 2010

O verdadeiro Sherlock Holmes, parte I



Fiz uma compilação de textos sobre Sherlock Holmes, seu "criador" Sir Artur Conan Doyle e seu protótipo, o Dr. Joseph Bell . No final emendei uma análise crítica. É uma viagem e tanto.

Uma noite, nos finais do século passadoa após uma caçada na Escócia, num fim-de-semana, uma dúzia de convidados sentou-se em torno de uma mesa a discutir crimes famosos ainda por solucionar. Um dos convidados, o Dr. Joseph Bell deixava os outros estupefatos com as suas acrobacias dedutivas. O Dr. Bell era uma eminente cirurgião, cujas aulas verdadeiramente fascinantes, influenciaram durante 5 décadas os estudantes da Universidade de Edimburgo, entre os quais Conan Doyle, Robert Louis Stevenson e James M. Barrie.

"A maior parte das pessoas vê mas não observa - dizia ele. Examinem um homem com atenção e descobrirão a sua nacionalidade escrita no seu rosto, o seu nível de vida, nas suas mãos, e o resto da sua história, na sua forma de caminhar, nos seus gestos, objetos de adorno e nos fios que aderem à sua roupa." "Um paciente entrou na sala onde eu estava a dar lição a alguns estudantes de Medicina. 'Meus senhores - disse eu -, este homem foi soldado num regimento escocês, provavelmente músico da banda.'

Chamei então a atenção para a arrogância do seu andar, sugerindo o tocador da gaita- de-foles; a sua baixa estatura sugeria-me que, se tivesse sido soldado, fizera provavelmente parte da banda. Mas o homem insistiu em que era sapateiro e, além disso, que nunca servira no Exército. Pedi-lhe para tirar a camisa, e vi então um pequeno D azul gravado na sua pele. Era essa a forma pela qual eram habitualmente marcados os desertores durante a Guerra da Criméia. Finalmente, o homem confessou que pertenceu à banda de um regimento escocês. Era realmente elementar, meus senhores."

A isto um dos ouvintes observou: "O Senhor doutor quase podia ser Sherlock Holmes." O Dr. Bell explicou-lhe: "Meu caro senhor, eu sou Sherlock Holmes."

O Dr. Bell foi realmente - como Artur Conan Doyle admitiu na sua autobiografia - a inspiração para o imortal detetive de ficção.

As regras de Sherlock Holmes para a dedução e análise repetiam apenas as normas aconselhadas pelo Dr. Bell na vida real. "Sempre insisti junto dos meus alunos na enorme importância das pequenas características pessoais, no profundo significado dos pormenores", declarou uma vez o Dr. Bell a um repórter.

"Quase todas as profissões, por exemplo, deixam as suas marcas. As cicatrizes do mineiro são diferentes das do carpinteiro. As calosidades do carpinteiro não são as do pedreiro. O soldado e o marinheiro tem portes diferentes. E, especialmente, com uma mulher, o médico pode muitas vezes afirmar com exatidão de que parte do corpo ela vem se queixar".

Segundo afirmava o Dr. Bell, o desenvolvimento da observação era imprescindível para os médicos e para os detetives, mas qualquer homem poderia transformar o seu mundo monótono num mundo de emoção e aventura, desenvolvendo essa faculdade.


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