quarta-feira, 17 de março de 2010
O verdadeiro Sherlock Holmes, parte II
Uma tarde, o Dr. Bell estava sentado à sua secretária, no Hospital Real de Edimburgo, quando alguém bateu à porta. "Entre", disse ele. Entrou um homem. O Dr. Bell fitou-o.
" - Por que motivo está preocupado?
- Como sabe que estou preocupado?
- Porque deu quatro pancadas na porta. Quem não está preocupado bate apenas duas, no máximo três vezes."
O homem estava, de fato, preocupado.
Este é o relato de Sir Arthur Conan Doyle:
Foi em outubro de 1876 que comecei meu curso na Universidade de Edimburgh. A personalidade mais notável que conheci foi um certo Joseph Bell, cirurgião no hospital de Edimburgh. Bell era um homem extraordinário de corpo e mente. Era magro, vigoroso, com um rosto arguto, nariz aquilino, olhos cinzentos penetrantes, ombros retos e um jeito sacudido de andar. A voz era esganiçada. Era um cirurgião muito capaz, mas seu ponto forte era a diagnose, não só de doenças, mas de ocupações e caráteres.
Por alguma razão que nunca compreendi, ele me distinguiu dentre os muitos estudantes que frequentavam as suas enfermarias me encarregando de seus pacientes externos, o que significava que tinha de receber esses pacientes, anotar sucintamente os casos e fazê-los entrar por um corredor numa grande sala onde Bell se assentava em majestade cercado de assistentes e alunos. Tinha então oportunidade ampla de estudar seus métodos e reparar que muitas vezes ele aprendia mais sobre um paciente com os olhos do que eu com as minhas perguntas. Por vezes, os resultados eram impressionantes, embora houvesse ocasiões em que errasse.
Em um dos melhores casos, em silêncio, o Dr. Bell examinava o doente externo de um hospital. Depois falou:
- Bem, você serviu no Exército num regimento escocês e não foi desmobilizado há muito tempo.
- Sim, senhor doutor.
- Era oficial e esteve em Barbados.
- Sim, senhor doutor.
"Bem vêem, meus senhores, que sendo embora o doente um homem respeitador não tirou o chapéu - costume próprio do Exército, que ele, contudo, teria perdido se tivesse sido desmobilizado há muito tempo. Tem um ar autoritário e é obviamente escocês. Quanto a Barbados o seu mal é elefantíase, o que indica as Índias Ocidentais."
Anos depois, Conan Doyle continuava suficientemente impressionado para o incluir no seu conto de Holmes 'O Intérprete Grego.'
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