segunda-feira, 25 de abril de 2011
Mais sobre ética
Este é o segundo texto de proficiência, que também fala sobre ética.
O grau de interação entre as elites sociais e políticas de uma parte e as elites intelectuais e científicas de outra parte foi sempre importante - e aumentava ainda em tempo de guerra. As duas Guerras Mundiais não somente estimularam o crescimento do ensino superior, por assim dizer, promovendo a democratização das universidades, mas também sublinharam as relações ilícitas entre os poderes político, militar e científico. Diante da era das universidades de massa, os intelectuais de espírito crítico tinham tendência a se agrupar em torno de outras instituições, geralmente de jornais ou de periódicos - ou bem eles evitavam integrar uma instituição e permaneciam " ao vento" segundo os termos significativos de George Steiner (Steiner, 1965); as universidades de elite não lhes ofereceram um ambiente propício ou compatível. Elas entretanto ofereceram um ambiente para formar os futuros dirigentes da administração do Estado e das profissões de elite, senão para o meio dos negócios e da indústria.
Os sistemas de ensino superior de massa, pelo contrário, são muito mais abertos - não somente porque eles recrutam populações de estudantes que não provem geralmente dos grupos sociais privilegiados, mas também pelo fato que eles foram obrigados a incorporar tradições do saber não pertencentes às elites e mesmo as alternativas. Isso vem particularmente da necessidade de integrar esses novos estudantes, mas é também o resultado do fracionamento e da proliferação do saber. Superficialmente existe uma "linha" mais estreita entre as escolhas dos estudantes e as disciplinas oferecidas de uma parte e entre o mercado de trabalho de outra parte no ensino superior de massa do que no ensino superior de elite.
Neste sentido, os sistemas de massa são mais orientados na direção do "profissional" e menos "científicos". Mas isso pode conduzir à uma impressão errônea: a necessidade de deixar explícitas essas linhas entre o ensino superior e a economia pode também ser a prova do declínio das conexões implícitas e dos interesses pessoais estreitos. Os sistemas de massa devem ser planificados e regulamentados afim de controlar seu potencial de emancipação, sua liberdade deliberada. Não se pode lhes dar confiança na mesma medida que aos sistemas de elite. Os sistemas de ensino superior mais abertos (e democráticos) podem ter a capacidade de desenvolver uma "ética alternativa", diferente da ética dominante da sociedade.
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