quarta-feira, 28 de abril de 2010

Frases de Banheiro



Ainda sobre a questão da comunicação na Ufrgs captei algumas frases nas paredes de um banheiro. Só não vou dizer em qual Instituto porque talvez fique mal pra os caras e tal. Veja lá:

Perto do interruptor de luz alguém escreveu:
FAVOR FECHAR A PORTA

E outra pessoa respondeu:
E APAGAR A LUZ, POR FAVOR

Outras inscrições hieroglíficas e as respectivas observações:

SEM TEORIA REVOLUCIONÁRIA NÃO HÁ
MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO
LENIN

NA HISTÓRIA UM E OUTRO SÓ FIZERAM
MERDA COM O POVÃO

Sobre quem escreveu a última frase:

SE A TERRA NÃO ESTIVESSE EM MOVIMENTO TU
NÃO EXISTIRIA

Ainda sobre o povão
POVÃO = BOSTA

É O POVÃO ORGANIZADO E MESMO EXPLODINDO
ESPONTANEAMENTE QUE MOVE O MUNDO

Algum fanático do grêmio:
GRÊMIO

E os dribles correspondentes:

ISSO QUE SUJA O NOME DE UM TIME SEMPRE TEM UM BABACA
PRA RISCAR NA PAREDE

GREMISTAS SÃO PUTOS

CAMPEÃO DA SEGUNDONA

TODOS OS GREMISTAS SÃO BABACAS

GREMISTAS SÃO ARROGANTES !!!

A este alguém acresentou:
E VIADOS

Outro respondeu:
E COLORADOS SÃO LIXÃO

Também teve um fã do Xavante:
XAVANTE (BRASIL DE PELOTAS)
MELHOR TIME DO MUNDO

Sobre a maconha:
LEGALIZE JÁ

Algo realmente das cavernas:
SOHLIFADATUP

E algumas baixarias não recomendáveis para este sacrosanto blog.

Também sobre relacionamentos:

PORQUE OS HOMENS NÃO SÃO ROMÂNTICOS COMO ANTIGAMENTE?

Boa resposta:
PORQUE ANTIGAMENTE PRECISAVA SER PRA COMER.
HOJE EM DIA É SÓ PEGAR

Será?

Alguém com bom humor pelo menos:
O MUNDO É BOM PORQUE É UMA BOLA
SE FOSSE DUAS SERIA UM SACO

Declarações de uma gorda:
TE AMO MEU GORDO!

Também:
TE AMO GORDINHO

Declarações de um bebum:

TEQUILA BABY
PUNK ROCK ATÉ OS OSSOS

Verdades:

EMO = PUTO

SE PIXAÇÃO É CRIME ENTÃO POLÍTICO ROUBANDO É ARTE

DCE = MÁFIA DO PSOL

Ciências Sociais:

VIVA O CAPITALISMO

VIVA O MARXISMO
ABAIXO O PÓS-MODERNISMO

KARL MARX ERA PLAYBOY E MIMADO PELO PAI
HEINRICH MARX

Foi bem rebatida essa:

TEM GENTE MAIS MIMADA QUE NUNCA PENSOU NADA

Sobre o Toniolo:
TONIOLO VIVE

E a resposta:
TROTSKY TAMBÉM

Política:

CHAVES = DIREITA

Alguém pergunta:

E O KIKO?

Ainda sobre o Chaves:

ELE NÃO MORA NO BARRIL
MORA NO NÚMERO 8

E o símbolo da anarquia, que ultimamente tem seguidores declarados por estes corredores.

Marcando encontro:

VOCÊ VEM SEMPRE AQUI?

Não sabia que tinha aula aos sábados na FACED:

NÃO SÓ NOS SÁBADOS

Um desesperado:

COLOQUE SEU NÚMERO AQUI

E com sorte:

32616724 A QUALQUER HORA É SÉRIO

Um indignado:

QUE INUTILIDADE TUDO ISSO VÃO ESTUDAR

Tomou nos dedinhos:

PERDEU TEMPO TAMBÉM


E símbolos de macho e fêmea dizendo:

DUAS FÊMEAS = DOIS MACHOS = MACHO E FÊMEA

Também:

MACHO = FÊMEA

E declarações duvidosas:

NÃO EXISTE BISSEXUALISMO
OU SE É BIXA OU SE É MACHORRA

O autor foi reconhecido:

TÔ VENDO QUE TU NÃO É HETERO NEM HERMAFRODITA


Legal esse diálogo nas paredes. Amei mesmo.

Aula de conquista de novo:

SABE COMO SE MATA UMA DAQUELAS MULHERES PINTADAS,
DE SALTO, E ARROGANTES E FAZIDAS?
PUXANDO A DESCARGA ENQUANTO LAVA O ROSTO

Alguém mais experiente que este sugere:

POR QUE NÃO AS IGNORA?



domingo, 25 de abril de 2010

Sobre o Direito de Falar




Creio que a maior parte da comunidade universitária já está a par da discussão em torno do tempo de duração das formaturas. Entre duas e quatro horas é o que dura uma formatura na Ufrgs. A reitoria está decidida a diminuir este tempo custe o que custar, o que provavelmente custará o corte dos agradecimentos individuais.

O DCE diz que a Reitoria não está preocupada com o tempo e sim com as manifestações políticas e sociais envolvidas. E parece muito provável. Porque a formatura da Ufrgs não é apenas um ato formal, solene, como seria de se esperar de uma colação de grau. É o momento de os alunos fazerem um grau e principalmente falarem o que der na telha no breve tempo de agradecimentos que lhes é concedido.

O DCE propõe uma limitação do tempo mais rigorosa que a atual de cinco minutos, que na prática vira até 10 minutos. Dois minutos ficaria bom pra ambas as partes segundo a proposta do Diretório Central. É ridículo fazer uma censura ao que é falado evidentemente. Mas em muitos casos os membros da mesa se sentem atingidos, pra não dizer ofendidos, pelas declarações dos formandos, as quais seriam mais apropriadamente feitas em particular, no gabinete do alvo em questão. Claro que não causariam a mesmo efeito, como se chama isso?, pressão? seja o que for.

A formatura é uma espécie de Orçamento Participativo da Ufrgs, criado pelos alunos, óbvio, para se meterem nas questões administrativas no pior momento possível, um momento de festa. Talvez porque festa de pobre é bagunça e bagunça de rico é festa.

Se a universidade de fato conseguir dar um calaboca na gente, bom, não é o fim, ainda restam os oradores, as pichações no centro de vivência, as paradas em frente à reitoria e o que mais a criatividade puder produzir.

A pergunta que fica é: Quem está incomodado com o tempo de formatura? Os formandos? Os convidados dos formandos? O funcionário que tem que apagar as luzes no final? Quem paga a conta de luz? As produtoras?

Aos poucos as coisas vão se esclarecendo.


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Bullying sem querer?



Essa música do Detetive aí embaixo soa quase um bullying, não? Que feio pra o autor dela, hein?


A Teia de Aranha VI






A aranha está bocejando e se espreguiçando na varanda da teia. Já são 15 pra meio dia. Foi cansativa a noite da aracnídea. Nisso despenca do ar um mosquitão de asas vermelhas bem em cima dela e derruba-a sobre aqueles fios mais resistentes do que o aço. A aranha sem poder respirar direito contempla um sorriso maroto e um olhar malicioso na face do mosquito invasor, que já vai arrancando as asas e despindo a aranha do seu casaco de pelos e... Passada uma hora o mosquito vai-se embora satisfeito.

No outro dia a mesma coisa. Só um pouco mais cedo. Dez pra as nove. A aranha está tomando o seu desjejum na mesa da copa - omelete de larvas de mosquitos - quando é surpreendida pelo mosquito de asas vermelhas que já vai mostrando a meia e a cinta liga e...

No fim da semana, a aranha está exausta e enfarada do mosquito de asas vermelhas. Pensa em se mudar temendo um novo ataque. Antes, porém, procura um terapeuta cognitivo-comportamental, o medidor de pau. Esse aí da foto.

-Seu medidor de pau vim queixar do mosquito de asas vermelhas. Eu desenvolvi uma fobia ao mosquito de asas vermelhas nos últimos dias. Sabe como são estes mosquitos de asas vermelhas... Tenho que ficar encerrada dentro da teia de medo. Com as portas fechadas, inclusive, se não ele vai entrando e... E agora seu medidor de pau? Haverá solução para mim a não ser sumir do mapa?

A aranha entrou num processo de exposição gradual e dessenssibilização ao mosquito de asas vermelhas. Primeiro teve que pegar a foto do mosquito de asas vermelhas na mão e contemplá-la sem desviar o olhar. Ficou taquicárdica. Suava tremendamente. Sentiu as patas fraquejarem, e por fim desmaiou.

Doutra vez, foi obrigada pelo medidor de pau a segurar um vidro com tampa dentro do qual estava o mosquito de asas vermelhas. Os dois se fitaram nos olhos. Rolou um deja vu. O mosquito de asas vermelhas ficou afoito. Tentou sair do vidro, forçou a tampa, mas, felizmente para a aranha, não conseguiu. Pôs-se a dançar. E cantarolar:

-It´s now or never, come hold me tight iiiii, please be my darling be my tonight. A aranha não pode suportar outra vez. Sucumbiu antes que o mosquito de asas vermelhas cantasse "Tomorrow will be to late". Porém, semi-acordada, ouviu-o guinchar "It´s now or never, my loooooooove won´t wait".

Aos olhos da aranha a terapia só a estava deixando ainda mais traumatizada. No entanto, como não havia outra esperança, decidiu prosseguir com ela. No terceiro encontro com o medidor de pau, este o levou para jantar e, chegando ao restaurante, quem estava lá? O mosquito de asas vermelhas. Era convidado do medidor. Ficou só puxando conversa com a aranha, já ia marcar um encontro com ela, quando foi interrompido por um pisão no pé. Conteve-se dali para a frente. Ficou na dele. Só então a aranha voltou a respirar, porque estivera com a respiração suspensa desde o início do jantar.

Na quarta sessão a aranha foi incentivada a pegar um cineminha com o mosquito de asas vermelhas. Não queria, mas não tinha saída. Iria, a contragosto, desde que o medidor de pau também fosse e ficasse escondido em algum canto da sala de cinema, de olho no mosquito de asas vermelhas.

Romeu e Julieta. A aranha se esgueirou para o canto da cadeira oposto ao do mosquito. No meio do filme - naquela cena em que o Leonardo di Caprio se ajoelha e chora convulsivamente - o mosquito tencionou avançar na aranha e, como era de se imaginar, foi interrompido - graças para a aranha - a tempo pelo medidor de pau, que saiu de alguma brecha invisível e sentou-se entre os dois.

NO final da sessão, o mosquito estava chorando e enxugando as lágrimas nas asas vermelhas. Prometeu à aranha que nunca mais iria pular em cima dela e que iria trocar as asas vermelhas por outras brancas e que se transformaria em um mosquito diferente, um mosquito em busca do amor.

A aranha foi embora satisfeita, crendo ter feito um bom negócio com aquele medidor de pau. Já ia longe, quando movida por uma curiosidade irreprimível virou-se para trás e a tempo de ver o medidor de pau estendendo uma nota de cinquenta reais para o mosquito de asas vermelhas.

Ato derradeiro:
A aranha volta correndo e grita: - Eu quero meu dinheiro de volta!
O medidor de pau responde: - Agora já era. Aranha mão de vaca!

A aranha vai-se embora. Está curada.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sobre Detetives



Estava lendo algo sobre mentes criminosas na banca de revista enquanto aguardava o horário de tomar o bus. Dizia que o crime é praticado para espantar o tédio. Daí me lembrei do Sherlock Holmes que fala no Signo dos Quatro - já mencionei isto antes - "Minha mente rebela-se contra a estagnação. Dê-me problemas, dê-me trabalho, o criptograma mais obscuro ou a mais intrincada analise e eu estarei em meu elemento. Eu posso viver então sem estimulantes artificiais. Mas eu abomino a rotina monótona da existência. Eu anseio por excitação mental".
Quer dizer, ele usa a profissão para espantar o tédio. E ambos detetive e criminoso usam drogas nos intervalos. Até parece que trabalham em cooperação, ou seja, um depende do outro para espantar o tédio.

Aqui cabe uma pergunta oportuna. Não teria outra coisa que espantasse o tédio de ambos? Alguns especialistas em emoções defendem que em nenhum momento os contos sobre o detetive da rua do padeiro se referem a relacionamentos afetivos do personagem ou passeios na praça com amigos ou leituras agradáveis ou um mundo de coisas que depertariam nele emoções positivas. Sendo assim só restava os casos e a droga mesmo pra remediar o tédio.

Não estou com muita pressa de terminar a série sobre o Sherlock... Caiu na minha mão um detalhe importante sobre a vida do Dr. Joseph Bell na última segunda feira. E vai fazer uma diferença na conclusão da análise. Só tenho que pesquisar mais um pouquinho. Acho que enquanto não sai o último capítulo o leitor pode meditar um pouco na letra da música 'Detetive' da Comunidade Ninjitsu:


meu pai é detetive
enfrenta broncas legais
teu pai é despachante
e não faz nada de mais
meu pai é detetive
prende bandido e traficante
teu pai é um cagalhão
que se esconde
atrás de estante

meu pai é detetive
entrou na casa do ladrão
deu um tiro a queima roupa
que quebrou a televisão
teu pai é despachante
e é um carinha simplório
não despacha nem macumba
e tem medo de velório

meu pai é detetive
conhece todos os tiras
teu pai é despachante
frequentaté o bafo de bira
meu pai é detetive
e não trata de bolinho
e teu pai, na boa,
acho que frita um soinho

meu pai é detetive
e já foi pra punta de leste
conhece todo o brasil
e tira férias no faroeste
teu pai é despachante
trabalha no big shop
e na quinta vai pro paraguai
trazer relógio g-shok



A minha colega de apartamento Luciana e eu dançamos ao som de Detetive algumas vezes. Nunca me esquecerei dela e da música.