terça-feira, 31 de agosto de 2010

Furando o bloqueio



Não sei o que há, estou meio bloqueada pra escrever esta semana. Mas vou furar o bloqueio. Outro dia inventei de ensinar grego pra os colegas na aula de Geometria Riemanianna, quer dizer, não bem o idioma grego, apenas o alfabeto. Poxa! Me chamaram de CDF. Tá, que seja CDF. Eu sou feliz assim. Encontro prazer no aprendizado, especialmente quando ele oferece desafios, como é o caso do grego. Na matemática usamos direto e reto o alfabeto grego, porque o nosso só não chega. E os dois juntos ainda não bastam. Há uma infinidade de símbolos peculiares à lingua matemática de que se utilizam todas as ciências que se apoiam sobre esta, que é a mais elementar de todas.

Então, quando fazia ainda Introdução à geometria me abri pra o grego e decidi desmistificá-lo. Fui estudar grego no Instituto de Letras matriculada em Curso 2. Conclui o Grego I e o Grego II e fui bem aprovada. Parei por aí porque deu colisão de horário no Grego III e porque, imagina!, me tomava um tempo homérico. Do que restou sei o alfabeto grego como nenhum outro matemático e um pouco de cultura grega também. Tinha o Poseidon, o deus dos mares, e outros deuses safadinhos.

Queria chamar atenção aqui para a pronúncia de algumas letras gregas, se alguém tiver interesse, principalmente o M e o N, que são o nosso velho e bom 'mu' e 'nu'. Alguns falam mu (nu) outros falam mi (ni). A verdade é que o som fica entre o u e o i, como no tu, do francês. Aprenda agora: faça um biquinho pra frente como se fosse dizer u e diga i. É isso aí. Bem, era só pra chamar um outro assunto, este que é realmente importante.

No grego tínhamos o professor Dênis Schell, um homem das Letras e também graduado em Direito. Ele parece que tinha muita opinião pra dar, não sei se própria ou se como é mais frequente introduzida na mente dele por alguma alma viva. Então ele interrompia às vezes a aula pra desabafar estas idéias, ou enquanto caminhávamos no corredor, ele ia tagarelando sem parar. Certa vez se referiu à condição da política: - É uma imoralidade - dizia ele - o que andam fazendo em Brasília.

Bem, há pelos menos duas maneiras de dissecar a afirmação do estimado professor Dênis. Não, não é isso que você está pensando. Ele não quis dizer que os engravatados estão fazendo festinhas em honra a Poseidon. Não sei porque (porque aqui é junto ou separado?) o termo imoralidade vem sempre carregado de conotação sexual. Este é um erro muito frequente. Aprendi em um livro de textos franceses o que é imoralidade, ou pelo menos confirmei o que já sabia. O livrinho dá nos dedos de qualquer moralista de plantão.

Sabe como é, os livros franceses vem carregados de cultura obviamente francesa, e com uma insinuação erótica clara, uma espécie de convite à fazer farra em Paris. Então tu vais lendo e se tu és de direita tu vais contra as farras da esquerda e se tu és de esquerda tu vais contra as farras da direita. Mas no finalzinho, na última tradução tu pegas um poema intitulado Imoralité. Ali, com os olhos esbugalhados tu lês mais ou menos o seguinte:

É muito fácil ter filhos quando eles são todos bonitos, saudáveis e inteligentes. Mas se isto não acontece, o pobrezinho vira alvo de mofas, de ridicularizações e escárnio. Isto é uma imoralidade!

Mas não teve putaria - como diria o Patropy - na história, teve? Então cadê a Imoralidade? É preciso redefinir a noção popular de Imoralidade. Porque a Moral é a Lei de Jeová e a Lei de Jeová é o amor. Agora sim! Houve falta de amor, não houve? Em Brasília há falta de amor também, não há? Daí a Imoralidade.

No entanto, o que se usa no dia-a-dia é a Ética, que é a Moral na prática. Por exemplo, a Lei de Jeová diz que não se deve matar. Mas na prática às vezes as pessoas matam pra se defender. Quem decide entre uma situação e a outra é a Ética.

Agora a outra maneira de dissecar a afirmação do professor Dênis você já sabe, não é? Então vou pra casa. Benção!



quinta-feira, 19 de agosto de 2010

As jibóias e os enfantes



Bem, pra quem ainda não leu o livro do Pequeno Príncipe - ei-lo aqui outra vez - vou resumir o começo da história. O narrador do texto que é também o personagem coadjuvante conta brevemente que na sua infância, lá pelos 6 anos de idade ficou muitíssississimo impressionado com uma figura que ele viu em um livro. Essa figura retratava uma jibóia devorando uma fera. E mais impressionado ainda ele ficou com o que se dizia sobre a figura. Era algo como: As jibóias só pensam em comer e dormir, ora estão devorando uma presa, ora estão sesteando. Mentira, não é nada disso. O que ele leu foi exatamente: As jibóias engolem sua presa completamente inteira, sem a mastigar. Em seguida, elas não podem mais mexer-se e elas dormem durante os seis meses da sua digestão.

De lápis de cor na mão o princepezinho conseguiu traçar seu primeiro desenho. Era assim:



Todo orgulhoso da sua façanha, ele mostrou sua obra-de-arte às 'pessoas grandes' e perguntou-lhes se o seu desenho lhes causava medo. E elas prontamente responderam-lhe: - Porque um chapéu causaria medo?

Mui decepcionado o príncipe fez um segundo desenho, mais detalhado, para que as 'pessoas grandes' pudessem compreender o que significava. Este era assim:



Deu pra entender agora? Era uma jibóia que digeria um elefante.

Continua o personagem-narrador a contar a sua experiência: As pessoas grandes me aconselharam a deixar de lado os desenhos de jibóias abertas ou fechadas e me interessar de preferência à geografia, à hitória, ao cálculo e à gramática. Foi assim que abandonei à idade de 6 anos uma magnífica carreira de pintor (Ó coitado!). Fora desencorajado pelo fracasso de meu desenho nº 1 e de meu desenho nº 2.

Esta parte que é boa, pura ironia: As pessoas grandes nunca comprrendem nada sozinhas e é fatigante para as crianças sempre e sempre lhes dar explicações.

Por isso, ele aprendeu a pilotar aviões e viajou, por quase todo o mundo. Teve, assim, ao curso de sua vida, montes de contatos com montes de pessoas sérias. Viveu muito no meio das pessoas grandes. Viu-as de muito perto. Mas isso não melhorou a sua opinião.

Veja lá, isto é um desabafo gente: Quando eu encontrava uma que parecia um pouco lúcida eu fazia com ela a experiência do meu desenho nº1 que eu sempre conservei comigo. Eu queria saber se ela era verdadeiramente compreensiva. Mas ela sempre me respondia: - É um chapéu. Então eu não lhe falava nem de jibóias, nem de florestas virgens, nem de estrelas. Eu me colocava ao seu alcance. Eu lhe falava de bridge, de golf, de política e de gravatas; E a pessoa grande ficava muito contente de conhecer um homem tão razoável.

Aqui termina o capítulo I. E considerando que já faz mais de meio século que o livro foi escrito, até que serve de consolo. Afinal, a alienção da burguesia paaarece ser um filme bem antigo.



quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Semestre Novo




Bah, entrei na sala de aulas anteontem e me perguntei 'o que estou fazendo aqui?'. Nove marmanjos e eu. Falei 'tinha que ter uma mulher na turma'. E o Di respondeu 'É muita testosterona pra uma turma só'. Ao lado dele o Eduardo Fischer quieto aguardava o início da aula. E eu como tinha uma dúvida ainda do semestre passado falei pra ele 'Ai não ri disso'. Daí que ele riu mesmo. E continuei 'mas eu não consegui provar porque o espaço l-infinito não é separável.'

Parece ridículo pedir ajuda em uma matéria que já se foi. Mas não se engane. Depois mais adiante tem Exame de Qualificação de Doutorado.

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Lamentável que o Patropy e a Paty não estejam aqui este ano para comer o meu bolo de aniversário. Bem, mas os bolos portugueses devem ser melhores que os meus. As doceiras portuguesas são as melhores.

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Fiquei impressionada com o atendimento na sede da Faurgs. Isto que eu chamo de pessoal qualificado. O atendimento é algo muito acima da média. A gente que frequenta salão de beleza já sabe o que é ser maltratado. A não ser que tu vá no Hugo Beauty claro ou algo do mesmo nível. Ali na Faurgs só falta estender tapete vermelho e convidar pra jantar.

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Não posso deixar de postar este testemunho. Um aluno formado no Instituto de Matemática da Ufrgs me confessou (eu tenho um consultório psicológico tipo confessionário pra controle das mentes).
- Comecei a fazer Direito mas acabei por desistir.
- Daí como tu não conseguiu se endireitar veio terminar de se entortar na matemática?
- É. Pra quem já tem uma tendência a matemática é o lugar perfeito.

Bem, vale ressaltar que a recíproca não é verdadeira, ou seja, nem todo mundo que faz matemática gosta de torturas.


terça-feira, 3 de agosto de 2010



Preciso contar essa. Tenho um fã. Sério, ele mesmo me contou. Falou que eu sou uma pessoa marcante na vida dele, porque "Tu não tem meias palavras". Argumentei que isso que ele considera uma virtude pode tanto me beneficiar como me prejudicar. É que às vezes me explodo em palavras inteiras e daí o mundo explode na minha cabeça hehe.

Ainda estava falando quando ele recebeu uma ligação no celular. Assim que terminnou perguntei quem era. E ele respondeu: "É um amigo aí que me pede pra dar uma mão de vez em quando por esse e aquele motivo e blablabla...". Não resisti, perguntei: "Mas dá só a mão ou dá outras coisas também?". E ele: "Viu, é isso que eu gosto em ti."

Fiquei lisonjeada, é claro, embora eu saiba que eu não mereço tanto por tão pouco. Gosto do reconhecimento merecido, sabe? Flauta mágica, bajulação, puxação de saco, conversa pra boi dormir, essa lista toda, não me traz alegria alguma.

Estou falando sobre tal agora porque inventei de entrar neste assunto de profecias e sei que ainda é valido o provérbio 'Ganhe a causa e perca o amigo'. Lamento se não pude agradar a todos. É de fato uma tarefa impossível.


Eh!



Quem está antenado já deve ter notado que no último parágrafo do último post onde lê-se Daniel 9 deve-se ler Daniel 8:14.