sábado, 16 de julho de 2011

Sobre globalização e sobre culturas




Nos póximos posts pretendo partilhar com o leitor algumas provas de proficiência em inglês. Nessa migração do francês para o inglês, tem tudo a ver falar um pouquinho sobre o Canadá, que é o único país que tem os dois idiomas como oficiais. Estava pesquisando algo num tempo de folga quando encontrei uma referência à origem do nome Canadá: O nome parece vir de kanata - grupo de tendas - em iroquês. Há quem julgue que venha de cant'ata, que em algonquim significa 'bem vindo seja'. É possível também que descubra a decepção de espanhóis, que, vendo as terras glaciais, teriam exclamado 'aca nada'. No que teriam se enganado, pois há muita riqueza no Canadá. E agora o texto 1:

Embora a palavra globalização sugira um processo compreensivo e óbvio, é um termo incompleto. Não indica precisamente o que está sendo globalizado: a suposição é que significa a emergência de uma única economia mundial, à qual todas economias devem integrar-se, ou mais acuradamente, ser integradas, na voz passiva. Acadêmicos dos EUA descrevem globalização como a confrontação entre civilização global e culturas locais. Uma razão para o sentido de incompletude na palavra globalização talvez esteja na sua origem: a palavra globalização é uma contração eufemística de civilização global; e que é como ela é promovida.

É ingênuo assumir que economia, sociedade e cultura operam em esferas separadas. Na verdade, a maneira na qual entidades geográficas são agora designadas mostra a crescente porosidade destas noções. Uma economia avançada, uma nação industrializada, uma economia madura são confrontados com um país em desenvolvimento, um mercado emergente, uma sociedade libertária. Os termos quase podem ser trocados. Isto sugere que, uma vez exposta à globalização imperativa, nenhum aspecto de vida social, prática habitual, comportamento tradicional permanecerá o mesmo.

Tem havido, de modo geral, duas reações principais no mundo, que podemos chamar de ‘os fatalistas’ e ‘os resistentes’. É significante que entre os mais fatalistas tem estado os líderes do G-7. O ex-presidente Clinton disse que globalização é um fato e não uma escolha política. Toni Blair disse que é inevitável e irreversível. Pode ser considerado paradoxal que os líderes das mais dinâmicas e expansivas economias do mundo apresentem uma visão tão passiva e desafiadora daquilo que são, afinal, arranjos feitos por homens. Estes estão entre os regimes mais ricos e mais proativos, os quais podem travar guerra sem fim contra a grande abstração que é o terror dos regimes caídos e declarar uma lei comercial mundial para os pobres e outra para eles mesmos.

É o seu desamparo na presença destas poderosas potências culturais e econômicas meramente pretexto? Estes são dois aspectos de resistência. Um é a reafirmação das identidades locais – mesmo se local de fato significa espalhado sobre partes muito grandes do mundo.

A reclamação local é frequentemente focada no campo da cultura – música, canto, dança, artesanato e folclore. Isto sugere uma tentativa de quarentena dos efeitos da integração econômica; um tipo de cordão sanitário construído em torno de uma cultura minguante. Algumas pessoas acreditam que é possível conseguir o melhor de ambos mundos – elas aceitam as vantagens econômicas da globalização e buscam manter algo de grande valor: língua, tradição e costume. Esta é a reação relativamente benigna.

A outra tem tornado-se muito familiar: a violenta reação, o ódio de ambos globalização econômica e cultural as quais muitos nem meramente percebem, mas sentem no mais íntimo de seu ser, como uma inseparável violação da identidade. O ressentimento de muitos muçulmanos ( não só extremistas) com relação aos Estados Unidos e Israel, a postura defensiva do fundamentalismo hindu, oposta tanto ao Islã quanto ao Cristianismo, são as mais vívidas dramatizações disto.







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