quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Feira do livro, cultura francesa e reflexões
Dei uma passada na Feira do Livro de Porto Alegre no feriado. Achei interessante o título do livro "Nem só de caviar vive o homem". Conta a história de Thomas Lieven - que de pacato banqueiro alemão em Londres, de repente vê-se transformado em agente secreto durante a Segunda Guerra Mundial - e suas aventuras, ora a favor dos alemães, ora dos franceses e até dos americanos. Estas são contadas a partir de refeições que ele preparou e serviu e, que, de alguma forma foram marcantes em sua trajetória.
No momento, entre outros títulos, estou lendo "Le Combat des Chefs", uma hilariante aventura em quadrinhos do guerreiro Astérix. Coincidentemente, verifiquei no catálogo da Fnac a respectiva versão em português. Também encontrei edições antigas do Astérix na Feira do Livro. A que estou lendo é da biblioteca da Aliança Francesa. Astérix é um 'petit guerrier' que deve a sua invencibilidade à poção mágica do sacerdote druida Panoramix. Do mesmo modo Abraracourcix, o chefe da aldeia gaulesa, é considerado invencível pelos romanos devido à poção mágica do druida. Graças à 'genialidade' de Obélix, fiel parceiro de Astérix nas suas aventuras, o druida perde a memória e parte da razão. Isto porque o 'éléphant' Obélix querendo salvar Panoramix da emboscada projetada pelos romanos, erra a mira e o acerta com um golpe de menir - aqueles megalitos que ele carrega nas costas para cima e para baixo.
Para curar Panoramix, outro druida é encarregado, Amnesix. Este consegue levar a cabo a sua missão poucos minutos antes de os irredutíveis gauleses quase perderem 'o combate dos chefes' para os romanos.
Segundo constatei na internet o livro poderá servir de inspiração para uma nova adaptação cinematográfica em 2013.
O escritor francês Gérard de Sède, fala sobre a 'embriaguez sagrada entre os celtas':
"A poção mágica de Astérix não é mera ficção" - diz ele. Aqui Astérix é definido como o 'herói gaulês de uma história em quadrinhos ambientada na Gália ocupada pelos romanos, no século I a.C.' Diz mais: "Entre os gauleses, e entre os celtas em geral, o consumo de bebidas inebriantes era um ato mágico-religioso, cujo objetivo era provocar o entusiasmo poético e profético."
"Uma das pedras do altar de Nautes, descoberta no século XVIII, no perímetro de Notre-Dame de Paris, e conservada no museu de Cluny, mostra o deus em cuja honra se celebravam essas libações na Gália. Trata-se de Cernunnos, senhor da vegetação e, por conseguinte, de qualquer fecundidade material e espiritual. Tem cornos de cervo, essa galhada que cai e volta a crescer, aumentando de ano para ano, só começando a diminuir na velhice extrema, como acontece com as árvores da floresta".
"Cernunnos era considerado a alma dos vegetais. Quando se moía o trigo, ele morria supliciado, mas ressucitava na primavera com os brotos verdes dos cereais. Consumindo bebidas alcoólicas produzidas com grãos moídos, os celtas acreditavam incorporar, mediante uma espécie de eucaristia bárbara, a própria substância de cernunnos. Por isso, o nome cerveja é uma referência direta ao deus-cervo. O homem, embriagado, profetizava pela boca do deus".
Não só profetizava pela boca do deus como era também possuído pelo deus, daí a invencibilidade dos guerreiros gauleses.
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