terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Só para iniciados



Em Roma, também, a profecia era institucionalizada, e recorria-se a ela, em todas as circunstâncias importantes da vida particular e pública. Era reservada aos áugures, sacerdoters especializados, reunidos num colégio.

Cícero também foi um áugure, o que não deixa de ser um tanto cômico, visto ter sido ele autor de um tratado sobre a futilidade dos presságios.

Os diferentes presságios eram interpretados, em parte, conforme a tradição oral e, em parte, por meio dos livros augurais; às vezes eram interpretados com o auxílio de compêndios que comentavam esses livros, compêndios esses de indiscutível autoridade.

Os áugures não apenas eram consultados pelos cidadãos em qualquer fase importante de suas vidas particulares como, por exemplo, antes de um casamento, etc; possuíam também, o direito de intervir em quase todos os atos da vida pública. Era impossível construir-se um templo, aprovar-se uma lei, ou programar-se uma expedição militar sem os presságios dos áugures.

O colégio dos áugures só foi dissolvido no quarto século de nossa era por um édito do ano 392, assinado pelo imperador cristão Teodósio.

Ao lado desses sacerdotes-profetas, que desfrutavam de um estatuto especial, havia em Roma os adivinhos privados, chamados arúspices, também de origem etrusca. Suas atividades foram regulamentadas apenas durante o império, quando foram agrupados numa corporação que estava limitada a sessenta membros. Os romanos eram extremamente supersticiosos, e os arúspices gozavam de uma popularidade que pode ser comparada, hoje, à de nossos videntes profissionais. Embora suas técnicas não fossem muito diferentes das do áugures, tinham fama de charlatães, e frequentemente foram alvo das sátiras de Juvenal.

Entretanto o profetismo na Itália antiga reservava uma posição de destaque à sibila de Cuma.

A cidade de Cuma, que se elevava acima da baía de Nápoles, foi fundada no sétimo século antes de nossa era por gregos originários da Eubéia, que ali construíram um templo de Apolo, parecido com o de Delfos.

O templo se encontrava no meio de uma floresta, no topo de um penhasco que dominava o mar. Numa das numerosas grutas existentes no penhasco, acima do lago Averno, que, para Virgílio, era a porta do mundo subterrâneo, encontrava-se o antro da sibila, e que foi reencontrado por arqueólogos em 1932.

A entrada, esquadriada pela mão do homem é retangular. Dá acesso a uma galeria em declive, de 130 metros, prolongada por uma escadaria em caracol, com cem degraus, que leva ao adytum propriamente dito, que é um pequeno cubículo quadrado; este se comunica com o lago mediante um poço natural, do qual se elevam vapores. Mesmo em nossos dias, todo este conjunto continua bastante impressionante.

Lendo isto me surgiu a seguinte questão: quantos metros, na vertical, haverá desde a entrada da gruta até o adytum?

Faça as suas contas e vamos verificar no próximo post.

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