sábado, 19 de setembro de 2009
A Teia de Aranha II: Como tomar Decisões
O mosquito sobrevoava a teia da aranha com uma graça tamanha que fez ela parar pra ver. Aquelas asas brilhantes e um meio que sorriso safado no lábios, como só aqueles mosquitos que conhecem o seu potencial de seduzir aranhas tem fizeram-na arrepiar-se toda. No seu íntimo a aranha prometeu-se conquistar = papar, o mosquito todinho. Nâo deixaria nem uma perninha de fora.
O mosquito por sua vez procurava uma aranha séria, que tivesse uma proposta séria. Estava cansado daquelas aranhas fáceis e atiradas. Às vezes, até, desesperadas. Ficou por ali voando pra lá e pra cá pra lá e pra cá a ver o que sairia dessa aranha.
E parece que estava tendo sorte porque a aranha estava babando na teia e não demorou a declar-se apaixonada pelo mosquito. Emocionado desceu à teia tomou a aranha nos seus braços, beijou-a e os dois se amaram por nove semanas e meia.
O mosquito estava andando nas nuvens, ou melhor, nas teias. E a aranha estava também bastante satisfeita mas parecia um pouco enfarada, como se fosse só mais um amante-mosquito na sua vida. Enfim, o relacionamento vingou, e os dois casaram-se. Um marimbondo pediu a benção sobre a vida dos dois e eles partiram em lua-de-mel para uma teia cinco estrelas no Hawaii.
Passados alguns meses do início da vida a dois a aranha sentia um tédio horripilante. Seu instinto de aranha, quando via um mosquito sobrevoando a teia, fazia ferver o seu sangue. Suas patas ficavam todas moles e ela suspirava: - Ah, que saudades da minha vida de solteira.
Até que um dia a oportunidade escancarou-se à sua frente. Um lindo mosquitinho, bem jovem, com a metade da idade dela, fez uma rasante na teia. Subiu em seguida e desapareceu. A aranha sentada na varanda da teia esforçou a vista mas não conseguiu visualizá-lo mais.
No outro dia a mesma coisa: o mosquito jovenzinho pulsante de energia vital, os hormônios jorrando nas artérias, quase arrancou a sua cabeça num voo rasante sobre a teia. A aranha, que a princípio só o observava, ficou quedada de interesse pelo mosquito. A intuição do mosquito diz que para atrair é preciso fugir. E ele fugiu. De novo. Desapareceu na primeira esquina.
A paquera da aranha durou quatro meses. No primeiro dia do quinto mês o mosquito caiu na teia. E tornou-se amante da aranha. O mosquito gostava muito da aranha e a aranha dele. E o mosquito começou a pressionar a aranha para ela assumir a relação. Colocou a aranha na parede e ela pra se aliviar da pressão inventou uma mentira: - Mosquito jovem eu sou casada. Sabe, a nossa relação não anda muito bem, a gente anda dormindo em teias separadas, logo logo a gente vai se separar. Será que dá pra ter um pouco de paciência?
O mosquito que era muito vivido, e conhecia bem as aranhas, pegou as asas, colocou-as nas costas, penteou as antenas, e disse adeus à aranha. A aranha ao mesmo tempo triste e curiosa perguntou à ele por que motivo tomara aquela decisão. E o mosquito respondeu-lhe: - Estatística aranha. É por causa das estatísticas, que dizem que 95% das aranhas não deixam dos seus aranhos-mosquitos para ficarem com os seus mosquitos-amantes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Boa sacada! Parabéns!
Você escreve bem.
Se fosse mais bonita, eu até me apaixonava. =D
Postar um comentário