sexta-feira, 11 de setembro de 2009
A Teia de Aranha
Lá na nossa sala de estudos - sala B duzentos e alguma coisa - andei reparando hoje, tem uma teia de aranha bem no cantinho do teto. Embora as faxineiras passem umas três vezes por semana pra tirar o lixo e limpar o chão e o quadro, deixaram escapar uma teiazinha. Hoje, quando elas abriram a porta e mostraram aquela cara de tacho, como sempre todo mundo reuniu os seus pertences, levantou acampamento e saiu sem falar nada para a outra sala de estudos que fica do lado desta. No meio desse trantorno todo, perdi a vontade de estudar e tive um ataque de inspiração. Veja lá:
A aranha, assim que avistou o mosquito ficou paradinha, olhos arregalados, na espreita. Qualquer pontinha do pé que o mosquito colocasse na teia ela VUP, egolia-o na hora.
Mas o mosquito não fazia nenhum movimento na direção dela. Pelo contrário, ficava sobrevoando a teia em espiral como que observando-a. A aranha pensou: Quem sabe ele quer um dinheirinho. Bem, é conveniente esperar. Em último caso eu dou uns trocados pra ele. Se não precisar é lucro pra mim.
Era uma aranha pobrinha!
De vez em quando o aranho dela saía de um local secreto e trocava umas palavrinhas com ela como que dando umas dicas. Eram cúmplices os dois.
O mosquito levado pela curiosidade perguntou:
- É seu marido?
E a aranha zombeteira:
- Não é o marido da outra que eu peguei pra fazer caridade.
O mosquito insistiu:
- Ô aranha, fala sério.
- É o marido da outra que eu peguei emprestado uns minutinhos.
O mosquito desistiu.
O tempo foi passando e nada do mosquito pisar na teia. Desesperada a aranha passou a ofendê-lo:
- Seu mosquitinho de merda. Não é mosquito o bastante para pisar na minha teia. Mosquito interesseiro. Tá querendo grana, né? Tá achando que eu sou sócia do banco?
E o mosquito nem tchum. Não adiantou nada a pressão da aranha.
A aranha queria ao menos exclusividade:
- Mosquito traíra, fica namorando todas as teias da vizinhança.
E a aracnídea querendo traçar o mosquitinho e mais a torcida do grêmio toda.
Era uma aranha nojenta!
Por fim a aranha calou-se e passou a refletir. Aquela situação era por demais excepcional. Nunca dantes algo parecido havia lhe ocorrido. Um mosquito que espiralava sobre sua teia mas não caía nela. Nem com pressão. Tinha que intuir algo rapidamente.
- Ah! Já sei - concluiu a aranha. - É um mosquito crente, desses proselitistas. De certo é isso. O mosquito quer me converter. Quer que eu mude de vida, que eu páre de enganar mosquitos e me entregue pra Jesus. Só pode ser isso. Que outro motivo ele teria pra ficar na minha cola? Bem, talvez eu esteja me precipitando em tirar uma conclusão apressada. Vamos primeiro interrogá-lo. Porque a verdade é dialética.
A aranha fez sinal com uma das oito patas para o mosquito, e este aproximou-se dela.
- Ei mosquito. Qual é a tua hein? Se não vai chegar dá o fora. Tá me atrapalhando de comer outros mosquitos.
O mosquito estava na mesma:
- Pô aranha! Eu só queria saber qual era a tua. Tava te observando apenas.
E voou pra longe.
Logo que ele desapareceu o aranho entrou na teia e comentou:
- Mosquito esperto esse!
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