quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Quando eu for reitora




Conforme o prometido vou falar um pouco sobre a figuraça Prof. Dr. José Irineu Kunrath. O imortal morreu de uma doença triste, porém estará vivo nas nossas memórias para sempre e sempre.

Dada a sua experiência vasta a direção agendou uma palestra com ele para a nossa turma e outras tantas. Vossa Iminência falava de um jeito engraçado com trejeitos, caras e bocas. Meio como o Jô Soares. Tu não rias da piada e sim da maneira que ele contava. Portanto, provavelmente os leitores não vão achar graça do que eu vou contar. Mas contarei assim mesmo porque há outras coisas que valem a pena além do riso, obviamente.

A especialidade dele era dar aula de Laboratório de Física Moderna. Escreveu uma apostila sobre tal. Pra ter uma idéia do que se passa numa aula dessa pense nas atividades do museu interativo da Puc-RS. Efeito fotoelétrico é um belo exemplo.

Era um esforçado. Se deslocava pra o interior do estado de mala e cuia, levando o equipamento da Ufrgs para as faculdades federais, onde dava aula de Laboratório de Física Moderna.

Sabia tudo de Física Médica, quero dizer, os benefícios e os malefícios da tecnologia. Gostava de entrar na questão do celular.
- Ah, tem que usar pouco tempo e longe da cabeça - ensinava ele.
E continuava:
- Usa um pouco de um lado, daí quando fechar o tempo troca de orelha.
Aí fazia uma cara de deboche e argumentava:
- Que adianta? Frita do outro lado também.

Mas o homem também sabia mandar um papo sério, cabeça. Contava que quando a candidata a reitora Wranna Panizzi foi fazer campanha no Instituto de Física, no anfiteatro do IF, ela repetia um refrão:
- Se eu for reitora eu prometo...

Normal, papo de político. Só que ele percebeu algo a melhorar. Chamou-a de cantinho e com ar de quem sabe das coisas explicou:
- Quando eu for reitora Wranna, quando eu for reitora.
Ela entendeu. E ganhou. Ganhou duas vezes. Tem gente que diz: por trás de uma grande mulher sempre existe um grande homem e blablabla. Nesse caso particular sim, daí generalizar são outros quinhentos.

E o que eu fico mais besta - no bom sentido - de tudo isso é que há pessoas que ousam chamar este tipo de discurso de prepotência. Digamos agora que eu me atreva a dizer: Quando eu for professora. Ou, quando eu for doutora. Está aí o testemunho de um guru pra garantir o meu direito de sonhar sem ser acusada de prepotência.

Viva o Irineu!


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