segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O backstage da formatura



A minha formatura foi um espetáculo. Falando em termos de formatura, é claro. Não quero comparar a um show.

Estava tudo lindo, maravilhoso. As luzes perfeitamente combinadas. Coisa de profissional. A produtora DiFoccus é muito eficiente.

Ainda teve a história da faixa de Möebius que eu inventei na última hora. Ia falar sobre esta superfície e queria colocar uma imagem dela no telão. Decidi na última hora, embora tivesse alimentado a idéia a meses.

Liguei pra a produtora faltando umas 12 horas e eles me atenderam com atenção. Mandaram eu enviar por e-mail pra o endereço do fulano. No fim me esqueci do e-mail e entrei no site pra ver se eu conseguia achar. Era o e-mail do cara responsável pelo video, o carinha me dissera ao telefone.

Aí mandei pra outro e-mail: era o do carinha do video, conforme dizia no site. Mas não era o que eles tinham me dado quando eu liguei. Azar! Confiei na sorte. Nem pra anotar o e-mail. Tsc Tsc Tsc.

Mais um emprevisto. Tinha um tal de ensaio de formatura umas duas semanas antes do evento. E eu confundi as datas - sabia os números, mas troquei o dia da semana - e acabei perdendo o maldito ensaio.

Um dia depois o Daniel me escreve: Lisany perdeste o ensaio de formatura. A comissão de formatura avisou que é pra tu entrares em contato. Aiaiai. O problema é que a minha memória é boa pra números: telefone, cartões, documentos, etc. Se tem palavra no meio complica. Boa essa desculpa!

À noite liguei para as gurias. E aprendi direitinho todos os passos do ritual formaturístico. Sabe de uma coisa? Foi até melhor que se eu tivesse comparecido ao ensaio. Porque eu pude tirar todas as minhas dúvidas. Mais: fui informada de que o meu discurso que eu levara 6 meses aproximadamente escrevendo deveria ser reduzido ao meio, pois eu só teria 5 minutinhos contados no relógio para falar.

Não foi difícil fazer os cortes, mas foi doloroso. Poxa, essa parte aqui eu vou ter que cortar também? - me perguntava inconsolável.

Apesar de ter lido o discurso não cheguei a decorá-lo. Antes. Depois sim. Quando cheguei em casa aquilo vinha em ondas na minha mente. E eu repetia em voz alta. Tentava me esquecer em vão. Até escrevi de cor palavra por palavra com as alterações que fiz de última hora. Ainda hoje às vezes estou parada pensando e aquilo me retorna do fundo da memória. Até quando será isto my God?

A parte que as pessoas mais gostaram foi a do Pequeno Príncipe. Queriam saber se fora eu que falara aquela bobagem pra o professor. E foi eu mesmo. Que professor tolerante esse, hein?

Alguém disse que chorou. E eu quase chorei ao ouvir isso também. De certo nem era mérito meu. Os colegas em geral choraram tanto que dava pra encher o laguinho da Redenção. Alguns poucos não se lavaram.

Recebi também algumas críticas positivas. Sobre a questão da verdade absoluta. Que se eu procurava-a e se fazia isso sempre devia tomar cuidado. Queria deixar claro que em matemática isto é possível. Uma das raras áreas do conhecimento em que isto acontece é a matemática pura. Por matemática pura entenda-se aquela que não depende da experiência.

Aliás, só descobri o que significa o conceito de Matemática Pura depois da formatura. Estudava "A Crítica da Razão Pura" de Immanuel Kant onde encontrei a definição de conhecimento puro. Alguém me perguntou posteriormente o que significa este termo e, felizmente, eu já sabia responder.

Acho que muitos estudantes e talvez até professores desta ênfase desconhecem essa definição filosófica. Nunca é tarde. Não que isso vá mudar a vida de alguém...

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