terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Só para iniciados
Em Roma, também, a profecia era institucionalizada, e recorria-se a ela, em todas as circunstâncias importantes da vida particular e pública. Era reservada aos áugures, sacerdoters especializados, reunidos num colégio.
Cícero também foi um áugure, o que não deixa de ser um tanto cômico, visto ter sido ele autor de um tratado sobre a futilidade dos presságios.
Os diferentes presságios eram interpretados, em parte, conforme a tradição oral e, em parte, por meio dos livros augurais; às vezes eram interpretados com o auxílio de compêndios que comentavam esses livros, compêndios esses de indiscutível autoridade.
Os áugures não apenas eram consultados pelos cidadãos em qualquer fase importante de suas vidas particulares como, por exemplo, antes de um casamento, etc; possuíam também, o direito de intervir em quase todos os atos da vida pública. Era impossível construir-se um templo, aprovar-se uma lei, ou programar-se uma expedição militar sem os presságios dos áugures.
O colégio dos áugures só foi dissolvido no quarto século de nossa era por um édito do ano 392, assinado pelo imperador cristão Teodósio.
Ao lado desses sacerdotes-profetas, que desfrutavam de um estatuto especial, havia em Roma os adivinhos privados, chamados arúspices, também de origem etrusca. Suas atividades foram regulamentadas apenas durante o império, quando foram agrupados numa corporação que estava limitada a sessenta membros. Os romanos eram extremamente supersticiosos, e os arúspices gozavam de uma popularidade que pode ser comparada, hoje, à de nossos videntes profissionais. Embora suas técnicas não fossem muito diferentes das do áugures, tinham fama de charlatães, e frequentemente foram alvo das sátiras de Juvenal.
Entretanto o profetismo na Itália antiga reservava uma posição de destaque à sibila de Cuma.
A cidade de Cuma, que se elevava acima da baía de Nápoles, foi fundada no sétimo século antes de nossa era por gregos originários da Eubéia, que ali construíram um templo de Apolo, parecido com o de Delfos.
O templo se encontrava no meio de uma floresta, no topo de um penhasco que dominava o mar. Numa das numerosas grutas existentes no penhasco, acima do lago Averno, que, para Virgílio, era a porta do mundo subterrâneo, encontrava-se o antro da sibila, e que foi reencontrado por arqueólogos em 1932.
A entrada, esquadriada pela mão do homem é retangular. Dá acesso a uma galeria em declive, de 130 metros, prolongada por uma escadaria em caracol, com cem degraus, que leva ao adytum propriamente dito, que é um pequeno cubículo quadrado; este se comunica com o lago mediante um poço natural, do qual se elevam vapores. Mesmo em nossos dias, todo este conjunto continua bastante impressionante.
Lendo isto me surgiu a seguinte questão: quantos metros, na vertical, haverá desde a entrada da gruta até o adytum?
Faça as suas contas e vamos verificar no próximo post.
É a número 3
Se o Templo de Apolo tivesse um correspondente nos dias atuais seria Hollywood, mas, isto é apenas ficção....
Quem pesquisa Genealogia a sério sabe que a PUCRS tem um Espaço de Documentação e Memória Cultural chamado de - não por acaso - Delfos. Vou me deter nas origens do nome Delfos.
Entre todos os santuários dedicados a Apolo, o mais conhecido e famoso de todos era o santuário de Delfos.
Não apenas pessoas de todas as cidades gregas para lá se dirigiam a fim de orar, consultar e trazer suas oferendas, mas, lá se encontravam "homens piedosos de todos os países".
Não era por acaso que os helenos chamavam Delfos de ómphalos, isto é, o umbigo do mundo. Situado na Fócida, no sopé do Parnaso, no impressionante cenário de um anfiteatro natural dominado pelos penhascos das Fedríades, esse lugar é, efetivamente, equidistante dos quatro pontos cardeais da Grécia.
Delfos está, assim, no centro de um país que se considerava o centro do mundo civilizado. Estando em Delfos, é possível, por assim dizer, abraçar com o olhar toda a Grécia.
O nome Delfos deriva de delfim, em alusão ao animal que serviu ao jovem Apolo para ali aportar, vindo da Ilha de Delos, para trucidar a serpente Píton.
O templo, cujas ruínas podem ser vistas ainda hoje, reconstruído pelo arquiteto coríntio Spíntharos, é retangular, e suas diagonais coincidem com os eixos dos soltícios; atrás se elevam os degraus do estádio e, no frontão, estavam esculpidas a letra E, cujo significado era conhecido apenas pelos iniciados, e as palavras Gnôti Seautón, cujo significado é: Conhece-te a ti mesmo.
A profetisa do templo de Delfos, chamada Pitonisa, era uma simples camponesa, escolhida apenas por ter bons costumes e obrigada a observar a castidade total a partir do dia em que era escolhida para seu sacerdócio. Antes de oficiar, a pitonisa se purificava nas águas da fonte Castália.
Continua na próxima, vai ter uns cálculos matemáticos, é tri
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Keep Calm and Learn French
What a heresy! Encontrei a versão francesa do Keep Calm. É o Parfait Stressé. Aprecie estes aperitivos:
Tente utilizar o seu gato como almofada.
Colecione cartões de crédito.
Nas suas próximas férias escolha um país em plena guerra civil.
Atenda sempre ao telefone. Nunca se sabe. Poderão anunciar talvez a morte de alguém.
Minta o mais frequente possível, até que você não saiba mais a quem contou o quê.
Esforce-se por atrair a atenção em todo momento. Se necessário não hesite em causar um escândalo.
Lave as suas roupas íntimas de seda na máquina no programa Branco, Algodão, 90º.
Convide para o jantar a pessoa que você sonha em seduzir. Prepare a refeição você mesmo se inspirando em um livro de receitas exóticas (traduzido do chinês por um tradutor tcheco, por exemplo).
Escute os conselhos de seu melhor amigo e vá cortar os cabelos no salão de um cabelereiro fashion. Diga-lhe: "Eu tenho vontade de mudar o visual, eu confio em você".
Vá à boate e dance. Imagine que John Travolta está na pista e julga a sua técnica.
Um condutor histérico lhe insulta pois você atravessou debaixo do nariz dele. Diga-lhe alto e forte: "Desculpe-me caro amigo, não haveria entre nós um leve mal-entendido?".
Não saia jamais sem uma arma de fogo na sua bolsa.
Coloque a sua cabeça entre os joelhos, balance para trás e para frente e salmodeie: "Oh meu Deus, ó meu Deus...".
Encete uma psicoterapia. Mencione-a ao seu patrão durante o balanço de fim-de-ano.
Descubra a criança que dorme em você - ela faz ainda provavelmente xixi na cama.
Assista documentários animais - em particular aqueles em que a gente os vê devorar seu primogênito, matarem-se uns aos outros após o acasalamento, lutarem até à morte durante o período do cio.
Quando você chamar um taxi exija um condutor grosseiro e racista, que ignora o uso do desodorante e despreza luzes vermelhas.
Você nunca notou como a erva ondula sob o vento e curva a espinha, de medo que a brisa a quebre? Estúpido, não?
Imagine uma floresta tropical e uma praia de areia branca. Depois pergunte-se quando vão chegar os lenhadores, as imobiliárias, as medusas venenosas e os testes nucleares.
Vamos ficar por aqui que a coisa tá ficando crítica...
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Mais um degrau
Gostaria de parabenizar o ex-colega de física, Rafael Bán Jacobsen, autor de “Tempos & Costumes”, “Solenar” e “Uma Leve Simetria”, pela posse da cadeira número 29 da Academia Rio-Grandense de Letras nesta terça-feira, dia 12 de novembro de 2013. Ele virou doutor em física, eu não cheguei a concluir, passei para a matemática.
E acredito que entre as principais qualidades que fizeram-no merecer este destaque figuram o bom-humor e a erudição, bem acima da média, qualidades estas que são apenas um corolário da sua ampla formação em música, ciência, literatura, cabala, nutrição, atletismo e, como se diz por aí, 'o diabo a quatro'.
Queria aproveitar a ocasião para estabelecer a diplomacia também, de maneira geral. Queria dizer o que penso dos judeus, depois de anos de estudo sobre o que os cientistas sociais chamam de 'a questão judaica' ou 'o problema judaico'. Cheguei a uma conclusão para mim satisfatória: ser judeu é gostar de arriscar, mas muito muito mesmo, muitíssissímo, como organizar uma expedição para encontrar o pote de ouro do outro lado do arco-íris, ou, mais compreensível, é como pular de pára-quedas: se não der certo, a morte aguarda lá embaixo, se der certo, as pessoas aplaudem estrondosamente.
Deu sorte hein Rafael!
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
A Casagrande dos Casagrande
Fazia tempo que eu queria contar isso aqui, acho digno de registrar este fato. Não encontrei em qualquer livro de história uma explicação como essa. Tínhamos um colega na matemática, o Eduardo Casagrande, foi meu professor particular de análise. Então, essa é pra ele. O Sr. Casagrande, aquele que joga bocha (é boxa ou bocha?) no Donato, que contou. Eu digo que é o homem da fala fina. Falou que os italianos da leva dele chegaram aqui todos sem sobrenome e foram morar numa casagrande. Aí pegou, passaram a se chamar "os Casagrande". Tenho fé nele.
Taí, os genealogistas italianos que anotem essa.
Flash Back
Vale a pena ler de novo este texto do Tiago Casagrande, que está no outro blog Pseudoanalista:
Porto Alegre acorda com garoa fininha, que compassada tamborila no guarda-chuva. Porto Alegre de asfalto lavado, e os plátanos chorando a paixão que perdi. Então eis que te vi, e ali logo soube haver amor; assim, pude sentir, que mesmo na chuva há calor.
Pronto agora é só alguém tocar o sambinha no violão. Aliás, que saudade de ir tomar ceva no bar do Nito.
Sábado conheci a garota mais linda da cidade. E ela cheira bem. Nuff” said.
Estamos a uma semana das eleições e eu não acredito no que está acontecendo. Eu estou perdendo todas as polêmicas! Vou perder a eleição, meu time de futebol vai ser rebaixado. Só falta Djisas himself descer e mandar fechar a conta dos nossos pecados.
Peraí. Não tem um bagulho no Habib’s que se chama “fogazza”? Tô dizendo! Doutor chega no Habib’s e, com uma piscadela, pede à atendente:
Bor favor, eu gostaria de um fogazza.
Qual o recheio?
Vento. Vento Negro.
Pode deixar.
A garconete pisca para o doutor e retorna em instantes com uma urna eletrônica. Um garçom de cabelo black power inicia uma demonstração de break dance sobre um pedaço de papelão e os clientes aplaudem. O gerente manda distribuir refrigerantes grátis. As pessoas riem muito e se abraçam. O doutor digita os números no dispositivo eleitoral eletrônico e é nesse instante em que entra Pterodáctilo e...
Esse esquete foi interrompido pela Lei Eleitoral Alimentar n° 9899/04.
Falando em fast-food, ontem aprendi a fazer molho Barbecue. Heh. Tri massa. Ficou igual. Na verdade, é uma mentira, é um maldito molho mentiroso. É só processar catchup adicionando cebola refogada, vinagre, temperitos variados e... taram... açúcar mascavo. Depois é deixar reduzir até caber num dedal.
Mas fica boooom. Servi com costelinha de porco assada e arroz com páprica.
Ah! Costelinha do Frigorífico Riosulense, da gloriosa Rio do Sul, Santa Catarina.
Na verdade, diz o rótulo que o frigorífico fica na vizinha Presidente Getúlio; e, por outras informações que obtive, cheguei à conclusão de que Rio do Sul não existe.
O que me deixa preocupado pra saber, então, onde está o Anderson?
Revi Pulp Fiction ontem. Cruzes! Fica cada vez melhor. Pena que o dvdripnburn não funcionou. Hoje tento de novo. Heh.
Ah! Kill Bill vol2 ficou pra amanhã. Depois da análise. Waaa.
Vai começar a Feira do Livro, que é a época do ano em que eu mais me apaixono por essa cidade.
Li na Aplauso que, terminada a Feira, começam obras para dar à Praça da Alfândega seu desenho original, dos anos 40. Que haverá nova iluminação e os hippies vão ser transferidos. Leio também sobre o projeto que pretende integrar o Cais do Porto à Feira; e que para ser seguro, precisaria de modificações do trânsito, a saber, a construção de um túnel na Mauá, em que os carros passariam em baixo da nova passarela de pedestres. Que barato.
É a última semana de outubro, o mês eterno. Sim! Vai terminar! É sério!”.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Pesquisando as memórias passadas
A origem do sobrenome Gonzalez vem do nome germânico Gunthfuns [formado de gunt, guntha - batalha, e de funs - pronto], ou seja, pronto para a batalha.
Em 476 A.D., o antigo império romano ocidental, atacado pelos povos germânicos entrou em colapso, fracionando-se em 10 divisões: os francos, que vieram a ser a França; os anglo-saxões, que vieram a ser a Inglaterra; os alemanos, a Alemanha; os suevos, mais tarde Portugal; os visigodos, a Espanha; os burgundos, a Suíça; os lombardos, o norte da itália; e os vândalos, hérulos e ostrogodos que foram mais tarde destruídos.
São Jerônimo, ilustre sacerdote da igreja latina, autor da tradução das Escrituras Sagradas em latim, chamada Vulgata, e que viveu de 340 a 420 A.D., assim se expressou a respeito da situação do império romano: "Em nossos dias o ferro se misturou com o barro. Noutra época não houve nada mais forte que o império romano; agora, não existe coisa mais frágil; está misturado com as nações bárbaras, de cujo auxílio necessita".
Em consequência dessa mistura de ferro e barro, os descendentes do clã Gunthfuns tiveram o segundo elemento do nome trocado por salvus - salvo, o que resultou no novo nome Gunthsalvus, Gundisalvus. Este fato sucedeu-se na Península Ibérica, donde o nome chegou à forma atual através da expressão latina fq - ver nota final - Gundsalvici [filho do sr. Gundsalvus] que evolui para Gundsalvis, Gunzalves, Gonzalez; Gonzales e Gonçalves são variantes, esta última é portuguesa.
Nota: expressão clássica medieval que representa a primeira fórmula encontrada para distinguir as pessoas, quando não havia ainda sobrenome; é composta dos termos latinos filius, filho, e quondam, outrora, de uma vez, falecido [Johannes filius quondam Filippi, indicava o Johannes filho do falecido sr. Filippus]; com esta expressão se fixam quase todos os sobrenomes indicativos de filiação e que derivam de nomes próprios; aos poucos, a expressão foi-se reduzindo somente a quondam ou sistematicamente abreviada nos textos como fq. ou apenas q. Para maiores detalhes, convém ler o livro Filius Quondam [Ed. São João, 1996], onde se descreve amplamente o surgimento e a evolução de 'filius quondam' [pg 99 e ss.].
terça-feira, 1 de outubro de 2013
O fator educação
Esses dias me lembrei do meu orientador, de quando eu ainda estudava física. Eu trabalhava como voluntária, não tinha bolsa de pesquisa sobrando. A única vez que ele me chamou na sala dele pra conversar foi pra me mandar "circular o conhecimento, a informação". Na época não fez muito sentido, hoje sim está claro, o conhecimento só multiplica quando a gente põe ele pra circular, igualzinho ao dinheiro.
Outro episódio que eu não me esqueço também, foi no último Fórum Social Mundial, quando ouvi um estrangeiro comentar dentro da Linha Universitária que o que falta ao Brasil para entrar no time do primeiro mundo é..., adivinha?
Bem, ano passado, me convidaram para assistir uma semana de aulas no pré Unificado, a semana de apresentação dos professores. Não sei se é de conhecimento geral, o Unificado faz política e sabe onde pisa. Queria "circular" alguma informação que anotei daquelas aulas com algumas observações minhas.
Dos problemas da educação brasileira
1. ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente: o professor não pode fazer nada porque é tudo antiético, e quando o aluno vai mal a culpa cai sempre nele. 2. LDB - Lei de Diretriz de Base: média 5 ou 6 acarreta preguiça mental, e pior que ninguém nasce com QI alto. Cérebro é igualzinho músculo, precisa fazer ginástica pra hipertrofiar. 3. SOE - Serviço de Orientação Educacional: para tratar do problema dos "burros". Como professora de aula particular classifico os alunos em duas equipes: os que aprendem rápido mas demoram para fixar o conteúdo e aqueles que demoram para aprender mas logo que entendem memorizam o aprendizado. Isto é genético, depende do balanço metabólico, não adianta estereotipar o aluno, precisa orientar o estudo no sentido de adaptá-lo a essas diferenças. 4. Os livros do tipo rapidinhos, que pulam etapas do aprendizado. Por exemplo, algum aluno sabe da onde veio a relação 3,6 m/s = 1 Km/h? É desta maneira que o aluno vai aprender a raciocinar por si mesmo?
Dos problemas da juventude brasileira que influenciam o aprendizado
1. Auto-limitação: "Ai profenssor, eu não consiiiigo entennnder..." ou "eu odeeeeeio matemática". O conselho é: Vá te reciclar! 2. "Miojização" da cultura: querem aprender tudo em 3 minutos. Fenômeno cultural que reflete o avanço tecnológico no setor educacional: TV, celular, calculadora científica, smartphone e tablet. 3. Subcultura holidiana: afeta a interdisciplinariedade, a ligação dos fatos ordinários. 4. Geração Y: dizem que a Geração pós-Geração-COCA-COLA faz tudo ao mesmo tempo, é hiperativa, não tem concentração.
Dos problemas de relacionamento com os alunos.
1. Protesto silencioso: onde escasseia a comunicação abunda a violência. Chamam de tourada, a essa palhaçada. 2. Cadeiras e bancos: como todo mundo sabe as cadeiras e bancos das escolas brasileiras não são muito "confortáveis". 3. Resumo: ou é falta do Verbo ou é falta da verba. Claro como as águas do Guaíba...
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Diálogo Transcedental
Olha aí, pra quem interessar, parte da minha conversa com uma psicóloga diferente:
J: Eu vejo vidas passadas desde criancinha. Sou católica, nasci assim. Só não fico cutucando isso. Quando aparece eu falo.
L: Quer dizer memórias passadas?
J: Sim, acho que a pessoa tem memória genética e de alguma forma eu faço essa leitura.
L: Sim, há uma genética psíquica, as memórias das outras encarnações anteriores. Chamam-na de tabula rasa em latim. O corpo psíquico é imortal.
J: É... por aí. O que você faz Lisany?
L: (Digo para ela o que faço e dou o link do livro "Tábula Rasa" de Steven Pinker para ela visitar).
J: Muito Legal. Eu vou ter que voltar e olhar o que senti sobre esse livro. Já li ele faz bastante tempo. Lisany, parecemos um quebra-cabeça porque estamos nele e não fora afastada para observar. Então é difícil estar inserida, mergulhada e ver bem tudo.
L: Sim, mas já saímos do zero e duas cabeças pensam melhor do que uma. Na matemática chamam isso de tangram, é um quebra-cabeça chinês. Tem a ver com o incêndio da biblioteca chinesa onde todo o conhecimento pré-cristão foi destruído.
J: Adoro tangram hehehe
L: Ah conhece então. O Pinker é difícil de entender. Usa linguajar técnico, fala por parábolas.
J: Vou reler, e divido contigo minhas impressões.
L: É aquela coisa: ao que tem lhe será dado, ao que não tem até o que tem lhe será tirado.
J: Lei da atração?
L: Lei do esforço.
J: O exercício da vontade.
L: É, tem que estar interessado. Ele não joga pérolas aos porcos.
J: Quando os livros do Pinker foram lançados eu queria falar com alguém sobre e ninguém estava a fim.
Olha na escola, me parece, desenvolver o interesse das crianças é o mais desafiador no momento. Acompanho uma professora que é mestre nesse quesito. O ano passado ela conseguiu pegar 32 alunos de terceira série que não sabiam ler, não conheciam direito as letras, eram os demônios da escola. Pegou a turma andando, não pegou no primeiro mês. No fim do ano, 16 estavam alfabetizados e entendendo o que se dava para eles ler, sabiam interpretar. E ela diz assim: meu trabalho inicial é conseguir que eles queiram saber o que eu sei e que queiram fazer o que eu faço. Não dá pra eu atirar o conhecimento sobre eles.
L: Ah sim precisa motivá-los. Em particular creio que o Brasil é um país amaldiçoado.
J: Ela diz, é preciso interessá-los, despertar a curiosidade deles.
L: Tem alguma coisa a ver com a história do Brasil, talvez você saiba melhor do que eu.
J: Nãoooo, não. Não creia nos discursos. Quando você vai a campo e observa uma pessoa que sabe o que está fazendo, nooossssaaa. Eu diria que nunca quiseram que nós Brasileiros fôssemos cultos e autônomos, por isso o conhecimento demorou e ainda demora para quem não é bilingue. O que traz autonomia não é bem visto por aqui. Se você ensina uma criança a pensar, você está trazendo à vida um crítico.
L: Certo, mas isso em si não é uma maldição? Se os deuses permitem isso, se o Deus de Israel permite é porque ele não deseja nos abençoar. A benção e a maldição não podem coexistir.
J: Depende, acho que temos uma corrida de obstáculos, nós abrimos os braços para as graças e tentamos escapar das maldições.
L: Acha que é por merecimento? Que é fruto da luta? Bem a vida em si é uma luta.
J: Estou atendendo o telefone, já respondo. Era uma emergência de uma cliente. Não, não acredito que seja uma luta. Mas, a cada afirmação parece que somos testados pelo universo, como se ao afirmar, existisse um aparato automático do tipo "auditoria" que vem para balançar essas certezas (afirmações) de trazer à tona suas fragilidades. A abrangência daquilo que eu afirmo se mostra também pela oposição, se revela, me parece mais apropriado.
L: É, isso tudo é novo para mim, está caindo a ficha ainda. (Dou o link do livro "Aliens testam o seu qi" para ela olhar). Não gostaria de me sentir uma cobaia. Um atleta pode ser.
J: Do Pinker: Como a mente funciona e Do que é feito o pensamento // quando ele escreveu esses que eu comecei a me interessar sobre o assunto. Depois deixei pra lá, pois eu estava lendo Foucault e tinha companhia pra discutir. E deixei o Pinker pindurado (sic) na Tábula Rasa.
L: Cheguei a um ponto em que a cultura cristã, já não dá conta de responder a todos os meus questionamentos. Preciso procurar em outra parte, tenho feito isso, e de pessoas iluminadas também.
J: Pois é, eu não deixei de ser católica, porque o padre que era meu amigo disse pra mim: Filha, eu não tenho resposta para todos os mistérios, eu tenho fé, e estou muito preocupado que você deixe de ter fé porque eu nunca questionei o que você questiona. Muito lindinho, né?
sexta-feira, 12 de julho de 2013
Mitologia, Irmãos Grimm, Lendas e a Trindade
Ainda sobre os vikings, estive comparando algumas divindades nórdicas com as brasileiras. Tanto Odin quanto São Jorge vem montados em um cavalo, o primeiro num corcel de oito patas e o último num cavalo branco. Ambos são guerreiros e vitoriosos.
Outro personagem que vem montado em um cavalo branco é o Príncipe encantado no conto da Cinderela. Este é a figura do Cristo, o Deus Filho, o Conquistador da Humanidade.
Em uma linha paralela, porém em oposição, estão o conto da Chapeuzinho Vermelho e o Relato da Queda de Adão. O Caçador satiriza Jeovah, o Deus Pai, o Justiceiro Tirano. E a Serpente é uma imitação do Deus Mãe, O Espírito Santo, o Sedutor das Almas.
A coisa, no entanto, corre nos dois sentidos: tanto o Príncipe conquista a Princesa como esta o conquista; tanto o Lobo Mau tiraniza a Chapeuzinho quanto o Caçador o tiraniza; tanto a Serpente seduz Eva quanto esta seduz Adão.
Há outros pontos a considerar, que o texto original não deixa bem claro: a Serpente seduz Eva via subconsciente, e não através de um arrazoado de palavras bem elaboradas; o Príncipe sim, este consquista a Princesa no mais perfeito juízo, no maior galanteio; e o Lobo Mau, por sua vez, não encontra a Chapeuzinho por acaso na floresta, mas é enviado ao encontro desta pelo Caçador.
domingo, 9 de junho de 2013
Reflexões aquáticas
Outro dia estava relembrando do início da minha vida aquática. Nós, eu, minha irmã e a patota, frequentávamos a piscina do colégio, todos os domingos às 6 horas da tarde, durante a temporada de verão. Foi em 1992, que tudo começou, de verdade. A piscina tem uma parte mais profunda, os típicos 2m, com um degrau junto à parede para a gente descansar. E bom para os iniciantes, aqueles que tem medo d'água.
Foi tudo tão rápido, não tive tempo de reagir, ela me empurrou da beira da piscina. Tomei três caldos, não pensei que ia me afogar, não pensei nada, foi muito rápido. Quando subi pela terceira vez uma moça forte chamada Solange me agarrou pela mão e me puxou de volta para a beirada.
Daí em diante comecei a tentar algo, a brincar na parte funda, não me lembro muito bem dessa parte. Eu tinha vergonha, o pessoal veterano todo sabia nadar. Algumas meninas da minha idade também. E eu só sabia mergulhar. E não sabia jogar vôlei nem basquete. Eu queria praticar um esporte. Me propus a aprender a nadar igual aquela gente toda, mas sem acreditar muito. Sonhava apenas com esse dia.
Foi um processo lento, primeiro aprendi o nado peito, como um processo natural de se mover dentro da água. E depois o crawl com muito dificuldade. Mais adiante fiz aula na PUC-RS, foi quando aprendi o nado costas e corrigi os defeitos do nado crawl. Na Escola Superior de Educação Física da Ufrgs aprendi as viradas de todos os nados e algumas dicas secretas.
Hoje, nado tranquila, se der uma cãimbra daquelas me agarro na raia. Até hoje não deu. Às vezes tenho medo, quando não tem raia, procuro nadar perto da borda. Tirei minha carteira de 'motorista aquática', finalmente. Quando tem muita gente às vezes a gente dá uma 'pechada' ainda. Tem quem faça de propósito, depois pede muita desculpa.
Teve uma época que nadei tanto, que fiquei com uma alteração hormonal no sangue. Eu tinha a testosterona livre, muitíssimo aumentada e pra espanto dos médicos, sem sintomas externos de virilização. Eu nadava na Sogipa, e coincidência ou não, acabei me consultando com um médico clínico geral que fizera um estágio na Sogipa. Foi quando fiquei sabendo que eu estava exagerando.
Apesar de tudo não me arrisco no mar, só se amarrar uma corda no meu pé, bem comprida, antes de entrar. A única e última arriscada da minha vida foi nadar cerca de 2 Km adentro na Lagoa de Ibiraquera nas margens do Iate Clube. Tremi na base e orei muito quando despencou um temporal em cima de mim, nadando de costas pra ter fôlego, e olhando sempre pra ver se estava perto da outra margem. Tive medo da correnteza, que ela me desviasse da minha rota e eu me cansasse.
Dois homens se aproximavam num barco a motor. Acenei muito e pedi socorro. Eles se aproximaram. Um deles segurou forte na minha mão e disse pra eu não largar. Eu não podia entrar porque o barco viraria. Me levaram até a margem. Um deles desceu e eu embarquei. Dentro de alguns minutos estávamos no Iate Clube onde toda o acampamento me aguardava de olhos esbugalhados. Me entrevistaram pra o programa da noite e tal, foi um vexame. Investigaram sobre a minha saúde mental. Falei que tava precisando de uma emoção forte, coisa de jovem desmiolado.
Ano passado fui visitá-la. A gente se considerava gêmeas, em 1992, quando ela veio estudar pra cá. Ela me deu uma alemoinha de pano do artesanato de Blumenau. Casou com um engenheiro civil, tem um filho pequeno e tagarela. Mora numa casa de três andares, tem um carro velho e uma cadela chamada Schnib que anda junto com eles no carro velho. Estuda a psicologia. E continua arteira, e continua me criticando e me desafiando. Agora ela mandou eu voltar casada.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Sobre os Vikings
Sei que sou uma pessoa um pouco chucra, meio égua, quero dizer, não de todo civilizada ainda. Peco pelo excesso de sinceridade com frequência. Pretendo melhorar, estou me esforçando. Na minha visão os homens eram como cavalos, selvagens. Agora estou começando a ter uma concepção diferente dos homens, como seres humanos completos, e eles sempre falam que querem carinho. Não querem chicotada não.
Um exemplo de povo pouco civilizado é o dos vikings. O relato histórico conta que nos idos do ano 1000, os povos da Europa suplicavam "Do furor dos normandos, livra-nos Senhor". E o medo dessa gente era bem justificado:os vikings - e depois seus descendentes, os normandos - devastaram durante três séculos as costas da Europa Ocidental com suas arrojadas incursões. Mas, os vikings passaram à história menos como um povo belicoso e mais como audaciosos navegantes - o que é igualmente bem justificado, pois, quando chegaram à Escandinávia via Dinamarca, por volta do século VII, souberam construir frotas de centenas de embarcações com as quais desafiaram os tempestuosos mares e atingiram a Islândia e Groelândia, onde fundaram colônias agrícolas; as costas do Mediterrâneo, onde saquearam a valer; a Europa Oriental, onde estabeleceram poderosos estados, dos quais nasceram a Rússia; o norte da França, onde fundaram o ducado da Normândia - que viria a ser de grande importância para a história da Europa; a América do Norte, onde não chegaram a fazer muita coisa, tanto que sua presença nessa região antes de Colombo é até hoje contestada.
Sabendo trabalhar a madeira como poucos, os vikings construíram sólidas embarcações de fundo plano e agudo esporão (remate de proa, onde ficava a figura que servia de ornamento), capazes de navegar a altas velocidades. Os vikings não conheciam a bússola imantada e orientavam-se graças a uma espécie de bússola solar. De meados do século XIX a meados do século XX, os arqueólogos já desterravam na Escandinávia cerca de 550 drakkar (nome viking para navio). Todos serviam de túmulos a chefes militares e deviam transportá-los em sua última viagem ao valhalla, que era o paraíso da mitologia viking.
terça-feira, 23 de abril de 2013
Os dois descobrimentos do Brasil
"Terça-feira das Oitavas da Páscoa, que foram vinte e um dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando distantes da dita ilha, segundo diziam os pilotos, obra de 660 ou 670 léguas... E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves que chamam fura-bruxos. Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra".
Essa é, em resumo, a história da descoberta do Brasil, contada por Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada de Cabral, na famosa carta que enviou ao rei de Portugal, D. Manoel, dando conta de todos aqueles acontecimentos. No entanto, além da descoberta oficial, o Brasil já tinha sido descoberto antes, evidentemente, pois de outro modo não haveria habitantes aqui quando os portugueses chegaram. Segundo André Willième: "ao contrário do que se pensa geralmente, havia videiras e uvas na América antes da descoberta oficial, principalmente na região de Massachusetts colonizada pelos vikings muito antes do nascimento de Cristóvão Colombo. Os vikings foram os primeiros a levar bois para os EUA, país que se fez com a criação de bois... Temos provas indiscutíveis de que os vikings conheciam a América 500 anos antes da 'descoberta'".
"A respeito da 'Rota das Índias'. Piri Reis, navegador turco, escreveu na época de Colombo um tratado com 215 mapas marítimos copiados de documentos antiguíssimos; esses mapas mostram o contorno exato de toda a América; inclusive as costas dos pólos (antes, porém, da glaciação) e até desenhos de lhamas e pumas da América. Ademais todas as longitudes estão perfeitamente certas (o que Colombo e sua equipe não sabiam calcular) e o relevo submarino e terrestre está indicado com rigorosa exatidão. É praticamente certo que Cristóvão Colombo (que nunca desembarcou no continente antes) tinha uma cópia desses mapas que estão agora no museu Topkopi de Istambul".
terça-feira, 16 de abril de 2013
Errata
Estava relendo uns posts antigos e encontrei alguns erros de distração fantásticos do tipo trocar a palavra comprimento por cumprimento. Que barbaridade! E ninguém me avisou nada. É isso que acontece quando se faz a coisa às pressas. Volto ainda essa semana com um artigo sobre "os dois" descobrimentos do Brasil. É bem interessante. E vai longe o assunto, tão longe que é melhor parar antes do final. Queria escrever um pouco mais sobre imigração alemã também, já que estamos iniciando o Ano da Alemanha no Brasil com o lema "Quando as idéias se encontram". Só fiquei lamentando não ter mais aquelas histórias de sala de aula para contar, eram tão divertidas. Foi bom escrever para poder relembrar mais tarde e foi muito engraçado ler aquilo de novo. Bem, agora estou trabalhando, para quem não sabe, numa empresa e, quem sabe mais à frente, volte à sala de aula para fazer um doutorado, daí terei novos contos de estudante para contar. Até.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Causas e Consequências da Globalização
As pessoas sempre me perguntam se eu falo alemão, porque eu tenho essa aparência de alemoa. Na verdade, sou uma mistura de polaca com alemoa. Bem, por enquanto ainda não comecei a estudar alemão, mas pretendo. E o que me levou para o lado do francês foi a matemática. Quando a gente estuda matemática ressucitam muitos nomes de matemáticos franceses. Digo ressucitam, porque são bem antigos mesmo. Hoje, a matemática de fronteira está na interface das ciências e, não tem um pólo bem definido. Penso que os franceses desenvolveram tanta matemática no passado como fruto das incursões de Napoleão pelo Egito com uma comitiva de intelectuais.
Então, graças a isto, acabei ganhando a proficiência em francês, na Universidade Federal. Para início de estudo me matriculei no Francês Instrumental I, com a professora Eliane. Um dos textos que traduzimos neste curso, foi extraído de um jornal, a 21 de setembro de 2003:
"O presidente da Méteo-France estima que as canículas correm o risco de ser cinco vezes mais numerosas nas décadas a vir do que hoje na França e que os eventos climáticos extremos vão se multiplicar em escala planetária. Interrogado pela France-Inter sobre suas previsões no horizonte 2050-2100, ele revela que haverá na França como à escala mundial uma instabilidade da atmosfera muito maior do que ela é atualmente. É de fato altamente provável que haja muito mais eventos meteorológicos extremos do que se tem hoje, acrescenta ele em uma alusão às tempestades de 1999, às inundações de 2001-2002 e à canícula do verão de 2003...
O responsável da Méteo-France estima que os fenômenos meteorológicos excepcionais que nós vemos mais e mais em todos os lugares do mundo já são a manifestação da mudança climática. No entanto, esse veredicto não faz parte de um consenso entre os experts da ONU sobre o clima e ergue-se mais do domínio da convicção do que da certeza, observa ele. Segundo esses experts a temperatura média na superfície do globo terrestre já aqueceu 0,6 a 0,8 graus desde o início da era industrial... É claro que esse aquecimento é devido essencialmente à atividade humana e que prosseguirá, quaisquer que sejam as medidas tomadas pelos políticos, ressalta ele."
Outros mais científicos e menos políticos explicam que o aquecimento é mais evidente em torno dos grandes centros urbanos. De qualquer maneira se a coisa é tão certa mesmo, me pergunto o que a expedição Programa Antártico Brasileiro foi fazer no pólo sul. A princípio parece que foi caçar tirisco. Na realidade, o objetivo da excursão não era verificar se há aquecimento, mas de que maneira ele vem evoluindo. Mais ou menos como estimar a idade de uma árvore pelas circunferências existentes em um corte tranversal do tronco.
De volta ao estudo de línguas, há outro questionamento. Se Jeová deu o dom de línguas no Pentecostes, porque motivo ele teria confundido as línguas na Torre de Babel? A Bíblia de Jerusalém diz que são duas narrativas distintas para a mesma história. Verifique! É a versão mais confiável e mais compreensível da Bíblia. Depois de verificar isto lembre o seguinte: a cidade mais importante do mundo não é Nova York, nem Tokio, nem Paris, nem Brasília, nem Berlim, nem Roma, nem Londres, nem Porto Alegre. A cidade mais importante da história ainda é Jerusalém, e é a única que importa ser restaurada quando este mundo for a seu termo. Há pouco tempo saiu na Revista Superinteressante uma artigo falando a esse respeito: Fevereiro de 2008.
sexta-feira, 1 de março de 2013
Qual a saída?
Você está caminhando numa estrada quando de repente olha para frente e vê uma onça pintada. Olha para trás e vê um tigre de bengala. Olha para a direita e vê um urso. Olha para a esquerda e vê um lobo. Para que lado você corre? Resposta: Para frente. Porque a onça é só pintada, não vai fazer nada.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9quiGYnETrVVxkMkVujPlSoqTW0zz9qUNahqqqZtMapZyNGPTV7iBO4btomp4H2-jrO5tKg-qtcFpalzfnxZkrS8cZbvDiNsTXgceggp2k7ZA1tuSwk8TMd1p2NOJjB2gmNHPwCUJz3s/s320/images.jpeg)
Baseada nesta charada popular fiz um conto. O herói da nossa história ganha o mapa de um tesouro secreto. Pega um avião particular e salta de pára-quedas no meio da floresta. À frente pula uma onça pintada do galho de uma árvore. Atrás um tigre de bengala mostra as suas presas. Dos dois lados muros altos. A primeira coisa que lhe veio à cabeça é oferecer uma parte inútil do corpo: a batata da perna, porque, pensava consigo mesmo, "é melhor entrar no paraíso sem a batata da perna do que com ela ser atirado no inferno". Não funcionou. Então lembrou que tinha uma garrafa de quentão na bolsa. A onça pintada e o tigre de bengala se entreolharam (nunca tinham bebido na vida), quiseram experimentar. Ficam fora da casinha, começam a rir à toa. Vão pra m canto, cochicham. Pegam embalo, vem com tudo em cima do paredão direito, ele desmorona em seguida.
Outra surpresa: um lobo arreganha os dentes para o nosso herói, que tenta negociar "a minha carne insípida" por um banquete. Não funciona, ele não sabe negociar. Ele tem uma idéia: coloca uma placa de "É proibida a entrada". Eles obedecem! Nesse meio tempo a onça e o tigre colocaram abaixo o outro muro, o esquerdo. Por cima dos escombros um urso vem defender a sua prole. O nosso herói corre, pega uma pá que trouxera para desenterrar o tesouro e cava rapidamente um valo em torno do campo. O urso se precipita para dentro sem poder frear a tempo. Bem, parece que desta vez o aventureiro está em segurança. Acontece que o quentão acabou e as feras já começam a voltar da embriaguez. Ele conclui que não dará tempo de fugir, sem eles o apanharem no caminho. Tenta comunicação remota, mas o celular está sem antena; faz sinais de fumaça, as feras ficam agitadas; pega então uma pedrinha, escreve um SOS num papel, embrulha a pedra no papel e joga na direção de uma caverna. "Quem sabe um ermitão more lá dentro", imagina ele.
Em alguns minutos uma revoada de morcegos sai lá de dentro e vem na direção do nosso herói, que sai correndo aleatoriamente pelo campo e, pisa sem querer numa grama fofa, afundando em seguida o pé. Cai no fundo de um poço vazio. Lá no fundo, quem diria, o tesouro. Felizmente os morcegos desistiram dele. Agora, o aventureiro ouve o ruído de uma hélice de helicóptero. "Ah, meus sinais de fumaça deram retorno", ele sorri com um brilho nos olhos. Olha, então, esperançoso, para cima. Dois pares de olhos o contemplam: o dono e o guarda do campo. Jogam uma corda e mandam ele se agarrar nela. "E o tesouro?", ele grita. Eles mostram uma arma para o campeão. Este é preso em flagrante e já na cela exclama aliviado: "Ah, que sonho essa prisão!".
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
As Cidades no Rio Grande do Sul
Tenho que contar essa: ontem estava na beira da piscina, criando coragem para nadar na água fria e enfrentar o vento. Uma senhora cuidava de uma criança que brincava na água. Enquanto eu me decidia ela puxou conversava e me incentivou muito a nadar: - Vamos, seja homem! - exclamou ela com todo o ânimo que pode reunir. Bem, entendi que ela quis me dizer "Vamos, seja valente!". Hoje vou escrever mais um capítulo sobre as origens do gaúcho, do mesmo livro:
"No decorrer da formação do Rio Grande, o fato da ereção de uma capela significava a existência de uma vizinhança rural já suficientemente desenvolvida; mas ainda não o aparecimento de um povoado, núcleo de futura cidade. Este era anunciado pela instituição em freguesia.
Se tomarmos a data da criação das freguesias, época em que se esboçava o núcleo de futuras aglomerações urbanas, verificar-se-á que, a partir de Viamão, vão sendo pontilhadas povoações pelo Vale do Jacuí, até Cachoeira do Sul. É o século XVIII, quando se processa a fase de instalação da sociedade rio-grandense. Para esta sociedade em expansão, Rio Pardo e Cachoeira constituem audácia; a segurança de pé atrás, procurada pelo espírito militar, estará em Rio Pardo, Santo Amaro e Taquari. No fim deste século os primeiros passos vão sendo esquecidos. É o que registra a observação de N. Dreys, no início do século seguinte, a respeito de Santo Antônio da Patrulha e dos caminhos que vão dar na Boca do Monte ou Santa Maria em busca de tropas, já escassas nos campos de Viamão.
O século XVIII lançava os dois focos de expansão: a atalaia militar do Rio Grande e a rede de povoados do baixo Jacuí. O dinamismo desta sociedade nova é perceptível não só nesta nova rede de povoados, matriz da expansão, como nas ondas que se propagam até Jaguarão, Uruguaiana, Cruz Alta e Passo Fundo no meio do século seguinte. O próprio nome de Viamão registrou este sentido dinâmico. Para a sociedade luso-brasileira em formação que se dirigia para o Sul e começava a se instalar no continente de Sâo Pedro de Rio Grande, este povoado não era, como não seria mais tarde, um ponto do destino. Viamão era caminho. É mais plausível que a formação etimológica da palavra se origine, não do verbo ver mas do substantivo via, que sugere caminho, direção. Na própria palavra por certo estava registrado o dinamismo da civilização luzitana, que marchava para o Sul.
Este século correspondeu à fase histórica da instalação da nova comunidade regional no âmbito geográfico da Depressão Central. O significado antropogeográfico desta região natural foi definido pelo Pe. Balduíno Rambo S. J. pela acessibilidade: "é um corredor entre duas serras, aberto em ambas as extremidades..." "No oeste, a abertura é muito larga, convidando os exploradores do Rio Uruguai a procurarem um caminho ao oceano..." "porta ao leste..., de per si, constitui uma excelente estrada para os povoadores vindos de Santa Catarina... Esta tarefa ficou reservada aos açorianos vindos por via lacustre..."
Porto Alegre, na Depressão Central, situada na confluência de uma rede de caminhos fluviais e terrestres, a cem quilômetros da orla marítima, será também o ponto de chegada e de partida para o mar. Vão se concentrar aí interesses políticos, militares e econômicos. O Guaíba neste ponto, não apenas um estuário geográfico e econômico, será também para o interior e o exterior, um estuário cultural".
É neste ponto que eu queria chegar. Queria discutir um pouco mais a origem do nome Viamão. Se interessar a alguém pesquisar na fonte, e se tiver a sorte de encontrar a pessoa certa como eu tive, ouvirá da boca de um Viamãozense que, subindo na torre da capela tal e olhando para o Delta do Jacuí a gente vê a mão. Pra quem não sabe o Delta do Jacuí é aquele conjunto de ilhas que a gente vê na extremidade do estuário do Guaíba. Não é rio, não é lagoa, não é lago, não é laguna, é um estuário, é o ponto de encontro dos seus 5 afluentes: Rio Taquari, Rio Jacuí, Rio Gravataí, Rio Caí e Rio dos Sinos. Só não ficou claro pra mim se a mão seria o próprio delta ou apenas uma parte dele. Quem estará certo?
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
Mensagem de Ano Novo
Vou deixar por ora de lado esse papo de gaúcho pra lá de brabo... Quero compartilhar hoje uma mensagem de Ano Novo que encontrei num pequeno cartão verde, em francês, dentro de um livro antigo. Gostaria de achar mensagens em outras línguas também, quem sabe nos próximos ano. Ei-la:
Feliz e Santo Ano
A Felicidade em Deus
Que Deus vos bendiga e guarde felizes e alegres.
Possa o Senhor derramar sobre a vossa alma a rosa benfeitora de suas consolações, pois toda alegria verdadeira está em Deus, ela resulta d'Ele como de sua fonte, fonte divina alimentada perpetuamente por sua onipotência e sua imensa caridade.
O Senhor vos tendo criado à sua imagem e semelhança, colocou em vosso coração aspirações e desejos que Ele somente pode realizar. É portanto a Deus somente que eu encomendarei a vossa felicidade.
A Deus somente as aspirações de vossa alma!
A Deus todos os desejos de vosso coração!
Não creiamos encontrar a felicidade nas alegrias fugazes da vida, nem na possessão dos bens perecíveis deste mundo, pois ela não está aí. A felicidade para nós, criaturas mortais e santificadas pela graça do Altíssimo está na estabilidade de nosso coração em Deus.
Procuremos em Deus a paz, com ela nós encontraremos a felicidade.
A alegria é aqui embaixo a partilha dos valentes: que ela seja vossa companheira hoje e sempre!
Que a divina Misericórdia faça desabrochar algumas flores sobre o carreiro onde vós caminhais, e que a vossa alma fiel encontre sua alegria na bondade do Senhor.
Possais vós passar aqui em baixo unidos a Deus e tão confiantes em sua bondade que encontreis sempre, à toda hora, em todo lugar, apoio e conforto, alegria e consolação.
A união em Deus faz a força.
A união em Deus dá a alegria.
Tomai com um coração grato as riquezas que o Senhor em sua bondade vos concede, alegrai-vos nelas cristaneamente, como recompensa pelo vosso esforço.
Olhai a felicidade aqui em baixo como um empréstimo, sejais humildes e fiéis; quando for preciso devolvê-la, Deus vos dará seu belo Céu em retorno, e para sempre.
Oh! frágil coisinha que é a felicidade! Possa Deus vos conservá-la por longo tempo, mas para que ela seja durável, confiai-a Àquele que vo-la deu.
Amigos cristãos, levantemos os olhos e olhemos para o Salvador.
Ele é o caminho, a verdade e a vida.
Ele é também a felicidade.
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