quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

As Plêiades e o Oculista




Certa noite quando eu ainda estava na Física subimos ao terraço que fica em cima do respectivo diretório para observar as estrelas e os planetas, com seus anéis coloridos, a lua com suas crateras, enfim.

Para tanto o professor da disciplina, chamado de Basílio, montou um telescópio de porte médio, o mesmo usado para fazer palestras sobre astronomia em escolas.

De início ele mostrou-nos algumas constelações visíveis a olho nu, ou melhor, alguns grupos de estrelas visíveis a olho nu, como as Plêiades - grupo de estrelas da constelação do Touro, a que também se dá o nome de Sete-Estrelo.

Disse ele, no seu falar pausado, que naquela noite, num céu como o de Porto Alegre, era possível ver pelo menos 5 das 7 Plêiades, sem auxílio de instrumento óptico. E eu, forcei a vista o mais que pude para conseguir vê-las todas. Falei em voz alta: só estou vendo 3. Outro falou: estou vendo 4. E assim por diante cada um foi falando quantas Plêiades conseguia enxergar a olho nu.

Foi quando concluí que o meu óculos de grau estava fraco. À propósito, desde então só consulto oftalmologistas à noite a céu aberto. Em vez daquela parafernália toda que se usa normalmente o oculista pega uma vara comprida o bastante e aponta uma constelação X.

Bem, a configuração do céu depende do hemisfério e da data em que se olha, visto que a Terra está em órbita ao redor do Sol, como o leitor deve saber.

No verão o céu apresenta as suas configurações mais belas. A constelação característica desse período é Órion, com Rígel, Betelgeuse e as Três Marias. Vêem-se ainda Gêmeos, o Touro, o Cão Menor e o Cão Maior.

Regra geral ele aponta primeiro pra Sirius na Cão Maior. Porque se eu não enxergar a estrela mais brilhante do céu é que a coisa está feia mesmo. Nesse caso ele aprendeu na Faculdade de Medicina, que não por acaso fica ao lado do Planetário, a escrever na ficha do paciente: cegueira total.

Às vezes a gente erra, é claro, até por uma questão de confusão. Já falei Virgem pensando em dizer Três Marias. O Cruzeiro do Sul não erro nunca. Cresci debaixo da sua sombra no bairro Cruzeiro do Sul.

Depois daquela noite no terraço da Física - que também servia de motel até ser fechado por um portãozinho de ferro - passei a enxergar todas as Plêiades, quer dizer, pelo menos aquelas visíveis a olho nu.

Ultimamente algo admirável, digno de nota, vem ocorrendo. Tenho visto 8 ou 9. Creio piamente que elas estão se reproduzindo. Ao que me parece Atlas e Pleiória já são avós. Cheguei a perguntar ao oculista mas ele desconversou. Decerto não quis admitir que a minha visão está excelente para eu poder voltar outras vezes.


2 comentários:

Luciana Espindola disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Espindola disse...

..."Foi quando concluí que o meu óculos de grau estava fraco. À propósito, desde então só consulto oftalmologistas à noite a céu aberto."...
HAHAHAH
Muito engraçado no contexto!