Não me lembro bem em que ano teve uma explosão à noite em um prédio do Instituto de Química. Conforme o relato que ouvimos havia um pesquisador trabalhando na sua tese de doutorado e vem reação vai reação BUM!
Isolaram a área toda. O ar ficou impregnado de uma poeira tóxica mal cheirosa. O acidente abriu um rombo na parede do prédio. Lá dentro ficou tudo inutilizado. Demorou um mês mais ou menos para baixar a nuvem de poeira. Só então entraram uns caras vestidos com uma roupa daquelas de enfrentar o vírus ebola e retiraram todo o material que havia sobrado.
Foi sorte que conseguiram enfrentar o fogo em tempo. Não tão em tempo assim, mas conseguiram. Devem ter se ligado do potencial de perigo agora.
Imagina só o carinha levanta cedo, pega aquela busunfa cheia até a porta que nem fecha direito, desce no final da linha, olha pra todos os lados e só vê fumaça. Cadê o Campus do Vale? Esfrega os olhos e olha de novo. Cadê a minha faculdade? Cadê o meu Instituto?
Daí sai aquela cachorrada sem dono que anda sempre por lá pedindo comida do meio dos escombros e caem todos mortos na escadaria de entrada. Foram intoxicados pela fumaça.
A esta altura o carinha já ficou meio grogue com o cheiro forte de ácido queimado espalhado pelo ar.
Quem é aquele lá naquela parede? Não é o meu orientador?
O orientador tira a máscara de gás e esboça um sorriso sardônico.
Ah foi tu, né? Foi tu que explodiu o Vale. Vale de Lágrimas. Vale da Sombra da Morte. Vale dos Gnomos.
Uma segunda explosão acontece e joga pra o alto as mochilas dos estudantes que estão parados boquiabertas na entrada no campus. Duendes surgem do nada e levam os pertences dos estudantes. O carinha vê o sangue escorrer do braço e pensa:
Poxa acabou o meu sonho de me formar em engenharia. Pelo menos não vou ter mais que estudar Cálculo nem Física. Bye Anton bye Halliday. Ei, me devolve o meu smartphone com HP aqui.
Um duende se afasta apressado com o aparelho do carinha.
Nesse instante começa um vasamento nos tubos de hélio - aquele gás que fica sob pressão nos tubos a temperaturas baixíssimas e passa para o estado gasoso a -269 Celsius. O carinha começa a tremer de frio e bater o queixo. O sangue estanca no ferimento.
Só o que faltava agora esse frio desgraçado. Eu prefiria mil vezes aquele calorão desgraçado de sempre. De preferência aquele do tempo de aulas em janeiro quando estavam recuperando o tempo perdido na greve e não havia ventilador. Mais o cortador de grama fazendo zoeira do lado de fora da sala. Era muito preferível a esse frio de congelar os ossos. Nem o minuano que passa assobiando entre os prédio no inverno é tão congelante quanto esse frio doido desse gás maldito. Socooooooorro!
Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac Tic Tac
Bah! Já está na hora da aula de Cálculo.
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