A quantidade de alunos que transitam pelo Campus do Vale relativo ao andamento do semestre varia conforme o desempenho nas provas de Cálculo I e II que são as primeiras grandes peneiras.
Tem quem repita o Cálculo até 5 vezes ou mais. Tem quem se aposente no Cálculo também. Quando o carinha repete muito a gente diz: Vem cá fulano não era pra tu estar dando aula de Cálculo a esta altura do campeonato?
Assim, depois da primeira prova já se vê uma diminuição daquelas rodinhas que se formam nos corredores e principalmente no bar do Antônio em frente ao Solarium durante os intervalos. Algo como decaimento exponencial.
O que contribui muito para a diminuição da fila do RU, a saber, Restaurante Universitário. A propósito o RU recebeu proposta para duplicação. E as obras de fato se iniciaram. Porém, após curtíssimo tempo, o projeto foi embargado por técnicos do Meio-Ambiente. Pelo que fiquei sabendo haveria necessidade de arrancar árvores e, resumindo, faltou negociação.
Pois bem, mas o que eu queria discorrer mesmo é sobre a fila do RU. Não há quem aguente, sem trema ou com trema, 100 metros de fila todo dia. Às vezes debaixo de sol. Às vezes debaixo de chuva. Geralmente morrendo de fome.
Exatamente por causa desse impasse eu e minha equipe de visionários bolamos um plano esquemático para acabar com a fila do RU. Seguinte: lá no fim do buffet a moça serve um pedaço de carne, frango ou peixe que a gente não tem direito à repetição. Tu olhas para aquilo e pensa: Só?
Então nossa equipe chamou a nutricionista do RU e nós calculamos quanto de arroz com feijão os alunos comem em média, também de verdura, alface, humm que gostosura, chicória não curto muito, couve com limão é manjar, cenoura, tomate, batata, massa, farofa... Quem não come carne está totalmente fumado. Quem come só carne branca está meio fumado. Quem não come carne de porco está metade da metade fumado.
O suco e a sobremesa são servidos à moda carne por uma moça lá no fim do buffet após a carne. O suco é opcional, artificial e custa 30 cents. Não é um coquetel de lichia com moranguinho mas dá pra molhar a língua.
Concluindo, o buffet ficou resumido a um prato feito, ou melhor, a uma bandeja feita. É. Lá a gente come na bandeja e no final tem que entregar a bandeja e os talheres na janelinha da cozinha. Como é que eles chamam aquilo é horrível: lambe. Bem entendido: não é o funcionário da cozinha que lambe a bandeja. É a água. Talvez o totozinho que fica esperando a vez dele também.
Só que restaria ainda um problemão: A fila diminuiria imensamente, porém andaria tão rápido que não haveria lugar para todos se sentarem. A solução foi baixar uma ordem: sentou, devora tudo em mínimo tempo e cai fora. Quem desobedecesse sofreria pena de trabalhar na cozinha de graça por um dia.
Funcionou por algumas semanas o nosso plano esquemático. Daí em diante instalou-se uma competição para ver quem comia mais rápido, sem se engasgar, é claro. Houve recordes de 0,98 segundos ou menos, o que fica perto das melhores marcas para os 100 metros rasos - antes de Bolt tornar-se recordista - percorridos desde o fim da fila até a porta do restaurante.
Por fim sucedeu-se que os alunos ficaram mal acostumados com o fast-food e passaram a trazer sanduiches para o almoço, que eles comiam em menos tempo do que o previsto para ficar na fila e almoçar.
Graças a isto nosso plano foi para o buraco e tudo voltou ao normal. Inclusive aquelas turmas de furões de fila - quem nunca furou a fila do RU? - que passavam reto por todo mundo e iam direto pra porta do restaurante. Nem pra se juntar a um conhecido no meio da bixa pelo menos.
Tudo pra comer por 1,30 cents.
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